Planos ucranianos de ingressar na União Europeia são utópicos
São necessários cinco anos para a Ucrânia aderir à União Europeia. Tal plano ambicioso foi apresentado pelo presidente da Suprema Rada, Alexander Turchinov. Se o seu desígnio for posto em prática, daqui a cinco anos a Ucrânia será membro da UE e da OTAN. Todavia, os analistas caracterizam o plano de utópico e pouco realista.
Publicado 22/08/2014 14:53
Tal plano genial foi obra de Turchinov e, se calhar, por Yatsenyuk. O presidente do parlamento está convencido de que são suficientes apenas cinco anos para levar o seu país, em termos econômicos e sociais, à plena harmonização com as “normas europeias”. Esta ideia otimista foi apresentada à mídia dos países bálticos. Segundo a lógica de raciocínio de Turchinov, a maior parte dos ucranianos compreende a necessidade urgente de entrada da Ucrânia na União Europeia e na OTAN, já que este seria um único meio de “defender o país contra a política agressiva da Rússia”.
E só uma coisa que ele não apontou na entrevista citada: quem irá defender os ucranianos contra os atuais poderes de Kiev e suas ideias absurdas. Provavelmente não irá apontar. No país se iniciou a campanha eleitoral para as legislativas que promete ser muito dura. À luz disso, tudo indica que a “criatividade” dos políticos ucranianos nem chega ao nível europeu bastante conservador. De novo vêm à tona conhecidos slogans e estereótipos usados outrora na praça da Independência, reputa o diretor de Centro Europeu de Análise Geopolítica, Mateusz Piskorski:
“São planos utópicos. Turchinov procura incentivar e inspirar a camada pró-europeia da sociedade ucraniana que é composta de seus potenciais eleitores. Conhecemos bem a experiência de expansão da União Europeia nos últimos anos: na primeira fase, ocorreu um processo de reformas legislativas e econômicas que, nos países mais ou menos estáveis, durou mais de 12 anos. Deste modo, as conversas de que a Ucrânia poderá se preparar para o ingresso na UE em cinco anos são realmente utópicas. Isso não passa de uma tentativa de acalmar os ucranianos que não deixam de sonhar com a Europa.
Alexander Turchinov não explica como e à custa de quem será possível “harmonizar” a Ucrânia com os padrões europeus. Nem se dá ao trabalho de dizer quando e como será regularizada a crise no Sudeste do país, embora estas sejam fatores interligados e entrelaçados, constata o diretor do Instituto de Pesquisas Políticas, Serguei Tolstov:
“A economia da Ucrânia está sendo destruída pela guerra na região de Donbass. O balanço das perdas e dos prejuízos é uma questão à parte. Por isso, hoje em dia, é absurdo falar do ingresso na UE. Quanto à UE, esta nem pretende, nos próximos 10-12 anos, colocar a questão do estatuto do país como candidato à adesão. Do ponto de vista prático, tal plano não faz sentido e Kiev, num futuro imediato, não pode colocar a questão de entrar na UE”.
Convém dizer que a atual postura dos dirigentes ucranianos tem provocado sentimentos controversos. Parece que eles nem se lembram de que a Europa nunca lhes fez quaisquer promessas acerca da adesão. Quem é que irá precisar de um país pobre que sofre de uma incrível corrupção, em descalabro econômico e financeiro, e, ainda por cima, em plena guerra civil?
Entre políticos e observadores se costuma ouvir uma frase: “entrar na UE depois da Turquia”. É que Ancara tem sido “membro associado” da União há já muitos anos sem conseguir engrossar as suas fileiras. Parece que Kiev opta pelo mesmo caminho espinhoso.
Voz da Rússia