Sanções contra Rússia levarão à redução do emprego na Europa
O desemprego continua a ser um dos problemas fundamentais da União Europeia. A principal exigência dirigida aos políticos nas eleições para o Parlamento Europeu em maio foi a criação de novos empregos e a garantia do crescimento econômico. O ponto mais alto do desemprego ocorreu no inverno passado. Mas a agenda política de Bruxelas parece ser mais importante do que a econômica: as sanções mútuas da UE e da Rússia atingem, nomeadamente, o mercado de trabalho europeu.
Publicado 22/08/2014 09:15
Os últimos dados da agência europeia de estatística Eurostar, relativos a junho de 2014, mostram que mais de 25 milhões de pessoas em 28 países da UE não têm trabalho, sendo que 18 milhões vivem na zona euro. Entre os desempregados, mais de 5 milhões são jovens com menos de 25 anos. Por conseguinte, para a zona do euro esse índice é de cerca de 11% e, para toda a UE, cerca de 10%.
No último ano, o desemprego começou a descer lentamente. O número mais baixo de desempregados regista-se na Áustria, Alemanha e Malta (cerca de 5%). É mais difícil encontrar emprego na Grécia e Espanha, onde não trabalham 27% e 24% respetivamente. O crescimento maior do desemprego registou-se no Chipre, Holanda e Itália. A sua maior redução foi fixada na Irlanda, Letônia, Portugal, Hungria e Lituânia.
Mas, não obstante as ténues tendências positivas, em geral, hoje, em comparação, por exemplo, com 2000, o quadro da UE é bastante deprimente. Então, nos centros de emprego estavam registados 19 milhões de europeus e esse número desceu até ao ano da crise de 2008, atingindo a marca dos 16 milhões. A partir de então, quase 10 milhões de pessoas perderam o emprego.
E, agora, quando a Europa começa a recuperar e a mostrar o primeiro crescimento econômico, Bruxelas anunciou sanções econômicas contra a Rússia, um dos seus principais parceiros comerciais. E isto vai causar não só prejuízos, mas também a perda de empregos. Na própria capital da Europa, o quadro com o emprego está longe do desejado: o problema consiste na chegada de um grande número de imigrantes e na qualificação insuficiente dos potenciais trabalhadores, explica Yvon Jadoul, adido do governo de Bruxelas:
“A situação com o emprego na Bélgica é muito má. O nível de desemprego na capital é de 20%. A principal causa é a chamada explosão demográfica. Anualmente, aumenta o número de pessoas que vêm para Bruxelas. Isso provoca alta concorrência, mas não há emprego para todos. E muitos dos que pretendem um emprego não têm qualificação suficiente. Regra geral, para encontrar um emprego é necessário, no mínimo, um diploma universitário. De 100 mil candidatos cerca de 65% não terminaram sequer a escola. Ou seja, surge uma falha entre os empregos disponíveis e o nível dos candidatos”.
O segundo trimestre de 2014 mostrou a queda do crescimento do PIB nas três economias mais fortes da UE: Alemanha, França e Itália. Ao mesmo tempo, segundo cálculos dos economistas, o embargo russo à entrada de produtos alimentares da Europa custará aos fornecedores europeus 6,7 biliões de euros, sendo que a Alemanha sofrerá as perdas maiores: cerca de 1,3 biliões. (O relatório foi preparado por analistas do banco holandês ING).
As sanções deixam sem trabalho 130 mil europeus. A Polônia é a que mais sofre com a redução de empregos. Em França, na Espanha e na Itália, a média de pessoas que podem perder o emprego é de 10 mil. Em geral, a redução do comércio com a Rússia atingirá mais fortemente os Países Bálticos: Lituânia, Estônia e Letônia.
Mas os construtores de equipamentos alemães já declararam que a Alemanha sofrerá também devido às sanções europeias contra a Rússia: diminui as exportações e os empregos nas empresas germano-russas. Preocupada com a situação na Ucrânia, a Europa parece ter esquecido a onda de grandes protestos que sentiu num passado recente.
Voz da Rússia