Carlos Valadares depõe na Comissão Estadual da Verdade

Na segunda-feira (25/8), Carlos Valadares, médico e integrante do Comitê Estadual do PCdoB, prestou depoimento para a Comissão Estadual da Verdade da Bahia (CEV-BA), em audiência realizada no Conselho Estadual de Cultura, em Salvador.

 

Além dele, foram ouvidos Luiz Cayres Tunes, Luzia Ribeiro e Araken Vaz Galvão. Aproximadamente

40 pessoas já prestaram depoimento na comissão. No momento, a CEV-BA está convocando pessoas que foram presas e torturadas durante a ditadura, para que relatem os crimes cometidos na época.

O objetivo da Comissão Estadual da Verdade é resgatar a memória do que aconteceu no regime militar para que as situações de violação dos direitos humanos não voltem a ocorrer mais no Brasil.

História

Carlos Antônio Melgaço Valadares foi preso em 1969 e libertado em 1971. Loreta Valadares, sua esposa, foi presa antes dele. A prisão de Valadares aconteceu em Belo Horizonte, com os requintes de crueldade conhecidos da ditadura: ele foi violentamente espancado e teve o tornozelo quebrado por um martelo no momento da prisão. Na ocasião foram presos também Ênio Seabra, Mário Bento, Ricardo Angelim e José Afonso.

Eles foram levados para o Quartel 12 RI e espancados durante toda a noite. Loreta foi obrigada a assistir as sessões de tortura. De lá, Carlos seguiu para a cadeia e, em seguida, foi levado para o Hospital Militar, onde passou dois meses para se recuperar e retornou para a prisão.

Carlos Valadares foi encaminhado ao presídio de Linhares e condenado a três anos de prisão e a perda dos direitos políticos. Após sair da prisão, viveu na clandestinidade. Morou na Argentina e Suécia e, em 1980, após a anistia, retornou ao Brasil.

Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura

Criado em agosto de 2013, quando a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que instituiu o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) começou a funcionar em julho passado.

O grupo foi criado para trabalhar no combate à tortura e a tratamentos ou penas cruéis em instituições de privação de liberdade, como penitenciárias, delegacias e hospitais psiquiátricos.

O Comitê é composto por 23 integrantes, sendo onze do Poder Executivo Federal e doze indicados por organizações da sociedade civil e escolhidos por meio de consulta pública. Carlos Valadares e Joviniano Neto fazem parte do grupo.

De acordo com Carlos Valadares, “esse comitê é muito importante, porque a tortura era uma política de estado da ditadura militar para a manutenção do regime. Agora, estabelece-se uma política nacional para que isso não corra mais”.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro