SC: produtores protestam contra desvalorização do trabalho

Um ato público reuniu mais de mil produtores de suínos e aves para protestar contra os baixos preços praticados pelas empresas integradoras na região de Concórdia, em Santa Catarina. O protesto foi Coordenado pela Associação Microrregional do Baixo Vale do Rio do Peixe, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc) e Associação Avicultores do Alto Uruguai, além do apoio de outras entidades.

Produtores pecuaristas de Santa Catarina - Fetaesc

Por volta das 13h desta quarta-feira (3), os ônibus vindos de várias cidades da Microrregião Baixo Vale do Rio do Peixe e outras regiões, começaram a estacionar ao lado da Praça Central de Concórdia (SC). Pouco a pouco o local foi tomado pelos produtores da cadeia de aves e suínos.

De acordo com os manifestantes, depois do processo do produtor engordar uma ave durante 40 dias e entregar, o lucro dele é de R$ 0,38 (centavos) por animal. Para tentar resolver esses problemas, desde 2010 a Fetaesc, em conjunto com os seus Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, vem realizando debates, seminários e reuniões para colocar o assunto em evidência.

Desses encontros na região do baixo vale do rio do Peixe foram formulados dois documentos em conjunto com os produtores e entidades ligadas ao setor. Eles trazem oito reivindicações na cadeia de suínos e seis na de aves.

As duas pautas foram entregues no dia 3 de julho para as empresas juntamente com a solicitação de reunião, mas desde então apenas a Aurora se pronunciou por meio de ofício, mas não atendeu às solicitações e tentou deslegitimar a representação do sindicato.

Em assembleia da categoria, os produtores decidiram que caso as respostas não sejam satisfatórias eles estão dispostos, inclusive a fazer greve, ou seja, paralisar a produção por tempo indeterminado.

Para o presidente da Fetaesc, José Walter Dresch, o ato foi positivo no sentido de ter aberto um canal de negociação as empresas, e sobretudo porque mostrou a força dos produtores. “Não tem condições de ficar como está. As empresas têm lucro de milhões e incentivo fiscais, enquanto os nossos produtores, que trabalham de domingo a domingo, passam dificuldades, inclusive para viver dignamente. Isso tem que acabar. Precisamos de garantias de produção onde as empresas devem ter responsabilidade com os custos e eventuais prejuízos durante os processos”, disse José Walter.

Segundo dados da Fetaesc, entidade que representa a agricultura familiar no estado, hoje são aproximadamente 7 mil propriedades produzindo frango e outras 8 mil que atuam na suinocultura. Todas vendem sua produção para empresas integradoras, como a BRF e Aurora.

Fonte: CTB