Países membros da coalizão não se entendem sobre ações contra o EI

A reunião que o presidente estadunidense Barack Obama teve com chefes militares dos 21 países que se aliaram para tentar aniquilar o grupo extremista Estado Islâmico (EI) deixou mais desacordos que estratégias.

Militantes do Estado Islâmico - AP/Khalid Mohammed

O encontro realizado nesta semana teve como palco a Base Aérea Andrews em Maryland, foi organizado pelo chefe do Estado Maior Conjunto estadunidense, general Martin E. Dempsey, e contou com a presença de 20 ministros de Defesa dos países envolvidos na crise do Oriente Médio.

A Turquia, que permitiu a abertura de um consulado do EI em seu território, foi o único país que não enviou o seu máximo representante militar a este encontro.

Dois meses depois de que uma campanha militar começou contra o EI, a coalizão liderada pelos Estados Unidos continua sem chegar a um acordo e, segundo o diário The Washington Post, as diferenças estratégicas que persistem ameaçam socavar o plano de luta contra o grupo extremista islâmico.

Segundo o The Post, os EUA têm dado ênfase à ampliação da coalizão para lutar contra o grupo EI, incluindo a participação de cinco países árabes que jogaram um papel de apoio na campanha de ataques aéreos na Síria e no Iraque.

Mas os sérios desacordos continuam entre as partes envolvidas, principalmente no plano da coalizão para a Síria e ao considerar se a luta contra os militantes do EI fortalecerá ou enfraquecerá o governo de Bashar Al-Assad.

O pesquisador e especialista em Oriente Médio da Brookings Institution em Washington, Shadi Hamid, disse que era pouco provável que as divisões entre alguns membros da coalizão se resolvam, especialmente em relação aos resultados desejados pelo governo de Obama para a Síria, como a derrocada de Al-Assad.

Apesar disso, considerou que esta reunião é um passo positivo para a coordenação das operações táticas contra o Estado islâmico.

"Os sócios da coalizão têm concepções muito diferentes sobre a ordem regional e nem sequer entram em acordo sobre qual é a principal ameaça", sublinhou Hamid.

O presidente do Centro para uma Nova Segurança Americana também opinou sobre o tema. Richard Fontaine assegurou que é provável que a unidade na coalizão fracasse, porque continuam dúvidas sobre como estender a agressão ao governo sírio e à luta contra os jihadistas na região.

Unidades aéreas dos Estados Unidos e aviões de guerra aliados da Arábia Saudita, Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos concentraram seus ataques em território sírio contra as linhas de fornecimento do EI, como pequenas refinarias de petróleo e centros de comando.

Nos últimos dias, a coalizão se viu obrigada a mudar suas operações aéreas contra a cidade síria de Ain Al Arab (ou Kobane para os curdos) para perto da fronteira com a Turquia, onde os grupos do EI ameaçam massacrar civis.

A França e a Turquia, por sua vez, propõem estabelecer uma zona de exclusão aérea para proteger os refugiados no norte da Síria, uma ideia à qual se opõem os Estados Unidos, a Alemanha e outros membros.

Nenhum país da aliança está disposto a enviar tropas terrestres ao Iraque ou à Síria, apesar da escassez de forças aliadas confiáveis em ambos países para lutar contra o EI.

Fonte: Prensa Latina