Dilma: “Agora é a hora de nos unirmos por um futuro melhor do Brasil”

Reeleita, a presidenta Dilma Rousseff concedeu nesta segunda-feira (27) as primeiras entrevistas, sendo uma ao Jornal da Record e, posteriormente, ao Jornal Nacional. Em ambos os veículos, a presidenta reafirmou seu compromisso de campanha de avançar nas mudanças.

Dilma em entrevista no Palácio da Alvorada - Ricardo Stuckert Filho

“Eu acredito que uma eleição é sempre um recado de mudança”, enfatizou Dilma, destacando a importância da unidade em torno de objetivos comuns. “Agora é a hora de todos nós nos unirmos para garantirmos um futuro melhor do Brasil. É preciso abrir um amplo diálogo para desaguar em um consenso e uma ponte, para que o país cresça e mantenha um nível baixo de desemprego”, completou a presidenta.

Mesmo durante a campanha, e agora ainda com mais intensidade, a imprensa tem especulado sobre o novo ministério da presidenta reeleita, principalmente no que se refere à questão econômica. Dilma, por sua vez, tem sido cautelosa e afirma que ainda é cedo para tal questionamento. “Não tenho o menor interesse em fazer essa discussão agora. No tempo exato, eu darei os nomes”, pontuou.

No entanto, a presidenta adiantou que não irá esperar a conclusão do primeiro mandato para promover medidas que possam “transformar e melhorar o crescimento da nossa economia”. “Eu não vou trocar apenas um ministro, mas fazer uma mudança em todo o ministério, para fazer, como eu disse na campanha, um governo novo com ideias novas”, asseverou a presidente.

Na entrevista, Dilma reafirmou o compromisso de dialogar com todos os setores para promover amplas mudanças que possam aprofundar as conquistas econômicas e sociais. “Quero dialogar com os setores empresariais, financeiros, com o mercado, fora do mercado, qual o caminho do Brasil. Pretendo colocar de forma muito clara as medidas que vou tomar. Mas não é hoje. Será antes do final do ano. Vou fazer neste mês que se inicia na próxima semana”, disse ela ao Jornal Nacional.

Combater a corrupção. Doa a quem doer

Sobre o combate à corrupção, a presidenta Dilma destacou: “Eu não acredito em instabilidade política por se prender e condenar corruptos e corruptores. Acredito que o Brasil tem uma democracia forte. Temos que tomar uma atitude que interrompa a cultura de impunidade. Doa a quem doer temos que fazer justiça. Se alguém errou tem que ser punido. O que deve levar a instabilidade política é a manutenção da impunidade. Farei o possível para colocar às claras o que aconteceu neste caso da Petrobras e qualquer caso que apareça. Vou fazer questão que a sociedade saiba de tudo. Não concordo que isso leve à crise”.

Dilma ressaltou que a democracia é um dos pilares da união nacional e será também fundamental na promoção das mudanças que o Brasil precisa. “Acredito que a democracia é um dos mais importantes fatores para que um país não só possa mudar, mas o faça de forma pacífica e ordeira. Mesmo com muitas posições nestas eleições, havia um sentimento comum: a busca por um futuro melhor para o Brasil. Essa busca é a base da nossa união. Isso significa abertura, disposição para dialogar, construir pontes. Garantir a mudança. Temos que ser capazes de garantir as mudanças e reformas que o Brasil precisa e exige. Essa é a base comum entre nós. A grande palavra neste momento é o diálogo. Dialogar com as forças sociais, produtivas, do setor financeiro e com todos os clamores da população. E temos um compromisso: assegurar que tenhamos um país mais moderno, produtivo, inclusivo. É preciso dar oportunidade para todos e combater a corrupção, sem tréguas.”

Reforma política com participação popular

Ela também pontuou que uma das mudanças é a Reforma Política. Durante a campanha e no seu pronunciamento após a confirmação de sua reeleição, Dilma defendeu um plebiscito para aprovação de uma reforma política, o que classificou como prioridade para o próximo mandato tendo como um dos pontos principais o fim do financiamento de empresas às campanhas eleitorais.

“Recebi durante a eleição um conjunto de segmentos, como CNBB, OAB, segmentos sociais e a juventude, e uma proposta de consulta popular para se fazer a reforma política. É essencial. Acredito que o Congresso vai ter sensibilidade para perceber que isso é uma onda que avança”, destacou Dilma.

Ela também considera “essencial” a consulta popular para a realização da reforma política. “Muitos setores têm como base a proibição da contribuição de empresas para campanhas eleitorais. A partir da reforma, só seriam possíveis contribuições privadas individuais, não seria possível empresarial. Tem várias propostas na mesa. A oposição fala em fim da reeleição. Enfim, tudo isso tem de ser avaliado pela população. Acho que o Congresso vai ter sensibilidade para perceber que isso é uma onda que avança”, asseverou.

Na entrevista ao Jornal Nacional, a presidenta falou sobre a reforma tributária. Ela lembra também que o governo fez uma grande reforma tributária com o Super Simples e a desoneração da folha de pagamento.

Dilma afirmou ainda que o objetivo é assegurar que todos os brasileiros tenham um país mais moderno, mais inclusivo e mais produtivo. Que possa atender aos clamores da população, que quer continuar melhorando de vida. “Assegurar que tenhamos valores fundamentais como base, oportunidades para todos – esse é um valor moral e ético”, disse.

Ela afirma que há um “conflito distributivo” no país em função da discussão entre os estados sobre quem acha que perde e quem acha que vai ganhar com a reforma tributária. “Eu tenho a convicção de que o Brasil precisa de reforma tributária e precisa simplificar tributos”, afirmou ela. E completou: “É um desafio que eu vou ter de encarar”.

Com informações de agências