Dilma reafirma defesa de reforma política com participação popular

Nesta terça-feira (28) a presidenta reeleita Dilma Rousseff deu continuidade à agenda de entrevistas com as emissoras de TV. Na segunda foram os jornais da Record e Rede Globo, e desta vez, a presidenta atendeu o SBT Brasil e o Jornal da Band.

Dilma e o jornalista Kennedy Alencar - Agência Brasil

A presidenta reafirmou os compromissos feitos no pronunciamento da vitória, após o resultado da eleição, no domingo (26). Ela disse que buscará o diálogo com opositores. “Acredito que toda eleição implica em uma divisão. Mas tem de pressupor que por trás dessa divisão tem um conjunto de posições, que as pessoas querem definir um futuro melhor para o país. Abertura para o diálogo é essencial. Incluem aqueles que foram oposição, adversários, durante o processo eleitoral”, pontuou a presidenta, destacando que não acredita que adversários eleitorais “queiram um futuro pior para o Brasil”.

Nas duas entrevistas, a presidente reafirmou também a necessidade de uma reforma política com participação popular. “Eu quero a participação popular. Nesse processo eleitoral, eu estive com muitos movimentos, muitas representações, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), movimentos sociais, órgãos da sociedade civil, e eles fizeram aquela coleta de assinaturas muito expressiva. Chegaram a sete ou oito milhões de assinaturas, e eles propõem duas coisas: consulta popular – referendo, plebiscito, seja o que for – e propõem uma Constituinte. Eles têm esse projeto e devem encaminhar ao Congresso”, afirmou Dilma.

A presidenta destacou que não acredita ser possível a construção dessa reforma sem a participação popular. “Acho muito difícil que essa discussão não seja interativa. Tem-se que discutir a forma [de debater a reforma]. A forma que vai ser não sei. Mas acho muito difícil que não tenha consulta popular”, enfatizou a presidenta em entrevista ao SBT.

Regulação da mídia

A regulação econômica da mídia foi outro tema abordado durante a entrevista no SBT. Dilma afirmou que a questão não pode ser confundida com interferência na liberdade de expressão, como parte da grande mídia tem tentado manipular. “Não vou regulamentar a mídia no sentido de interferir na liberdade de expressão. Vivi sob a ditadura. Sei o imenso valor da liberdade de imprensa. Agora, como qualquer setor econômico, ela tem que ter regulações econômicas”, disse.

Questionada sobre o projeto de criminalização da homofobia, Dilma reafirmou o que havia dito durante a campanha eleitoral. “Darei integral apoio. É uma medida civilizatória. O Brasil tem de ser contra a violência que vitima a mulher. A violência que de forma aberta ou escondida fere os negros. E também tem que ser contra a homofobia. É uma barbárie”, declarou.

Falta de água em São Paulo

O jornalista Kennedy Alencar, do SBT, questionou a presidenta sobre a falta de água em São Paulo. A presidenta destacou que, antes da crise, foram liberados financiamentos para obras que pudessem reduzir o impacto. Ele também disse que pode agir em parceria com o governo de São Paulo para a realização de obras de combate à falta de água no estado, desde que a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) tome a iniciativa, pois a Constituição não permite essa interferência nos estados, mas ressaltou: “Aquilo que São Paulo precisar da nossa ação, nós faremos. Independentemente do que diga a Constituição, esse é um problema tão grave que afeta toda a população brasileira, São Paulo, a economia e tudo”, explicou a presidenta.

A presidenta também disse no SBT que é não é contra a abertura de uma nova CPI sobre o caso Petrobras, possibilidade que está em cogitação no Congresso. “Tudo o que for investigação da Petrobras pode ser feito. O governo não vai criar nenhum obstáculo. Acho que tem uma investigação que está sendo desenvolvida que é a feita junto a Polícia Federal e o Ministério Público. Essas não podem parar”, enfatizou.

Dilma destacou que o Brasil tem “uma oportunidade única, que é acabar com a impunidade”. Ela afirmou que em governos anteriores existiam vários processos, que chegavam a ser objeto de CPI, mas no final acabavam “como o povo diz, em pizza”. “Se você mantém a impunidade, você está sancionando a corrupção. Eu quero essa investigação doa a quem doer, não vou deixar pedra sobre pedra”, reafirmou.

A presidenta criticou os vazamentos seletivos ocorridos durante a campanha eleitoral com o objetivo de impedir a sua reeleição. “Vazamentos seletivos, estranhos, que interessam a grupos políticos que manejam essas informações. Eu fui vítima, nos últimos dias da minha campanha, de um vazamento seletivo, estranhíssimo, porque a acusação é feita e a prova não é mostrada, nem a acusação fica clara qual é”, denunciou.

Bolsa de apostas sobre o ministro da Fazenda

A formação de seu ministério, principalmente no que se refere ao ministro da Fazenda, também foi abordada em ambas as entrevistas. Dilma manteve a postura dos últimos dias reafirmando que está avaliando e que até o final do ano fará o anúncio.

Sobre a economia, a presidenta afirmou: “A economia brasileira possui fundamentos fortes. É importante que nós todos nos unamos no sentido de perceber que o Brasil tem fundamentos fortes. (…) Os investidores internacionais mantêm um grau de investimento direto no Brasil muito expressivo. Nós somos um dos países que mais atraem investimento direto externo. Nós não temos essa sinalização de que vai haver, num futuro imediato uma redução do grau de risco no Brasil”, disse.

E completou: “Nós temos um mercado interno robusto, milhões de brasileiros foram para a classe média. Ninguém mais sofre como sofria há uma década quando havia uma crise internacional porque não tínhamos reservas. Temos reservas e elas nos protegem. E vamos manter a inflação sob controle”.

Com informações de agências