Em defesa de educação de qualidade, estudantes paralisam aulas no RJ

Os estudantes de medicina do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), localizado em Teresópolis/RJ, decidiram paralisar o curso, após uma manifestação em frente ao prédio da reitoria da instituição. Faixas e cartazes foram colados nas paredes dos prédios denunciando o sucateamento da instituição. A paralisação já dura 9 dias.

Educação não é mercadoria - UNE

As reivindicações são antigas: melhores condições de ensino, mais professores e suspensão do aumento de 15% da mensalidade para o primeiro semestre de 2015. O Presidente do Diretório Acadêmico do Curso de Medicina, Pedro Oliveira, explicou que a faculdade tem sofrido uma série de aumentos na mensalidade sem nenhum retorno na qualidade dos equipamentos e nas aulas práticas no Hospital das Clínicas de Teresópolis.

“Nos últimos tempos podemos dizer que esse valor pago mensalmente quase dobrou. Esse último reajuste foi de 15%, algo completamente fora da realidade das pessoas que estudam nesta faculdade. Muitas destas pessoas talvez nem consigam concluir o curso por conta dessa escalada de aumentos. Quem tem FIES não deve conseguir o fiador exigido, ou seja, também deve ser impactado. E além disso, a previsão do nosso Enade é de uma avaliação 1, em 5 sendo o valor máximo, sem contar que o MEC exige um mínimo de 3 nos cursos de medicina. Isso é o mais grave nesta questão toda”, analisou.

Hoje, mais de cinco milhões de estudantes estão matriculados em universidades privadas por todo o Brasil. A UNE denuncia os abusos cometidos pelas mantenedoras das instituições através da campanha “Educação não é mercadoria”. A Secretária Geral da entidade, Iara Cassano, esteve no Unifeso e tem ajudado os estudantes na paralisação.

“De norte a sul identificamos problemas como aumentos abusivos de mensalidades, demissões injustificáveis, fechamento de cursos, falta de qualidade no ensino, precariedade estrutural, inexistência de projetos de pesquisa e extensão e diversas outras condições inadmissíveis quando se fala em educação de qualidade. A verdade é que a educação, quando na mão de empresários, é tratada como mercadoria e se torna um negócio cada dia mais lucrativo. Isso acontece quase sem nenhum tipo de regulamentação por parte do Ministério da Educação. É urgente a criação de uma lei que fiscalize essas atitudes”, enfatizou.

Os estudantes planejam marcar uma reunião com o Ministério da Educação (MEC) e com a Comissão de Educação da Câmera Federal. O próximo passo é fazer uma denúncia no Conselho Nacional de Saúde. O curso possui uma tradição de mais de 40 anos.

Fonte: UNE