Gilberto Gil encerra a XI Bienal Internacional do Livro do Ceará

Com um show do cantor e compositor Gilberto Gil, a XI Bienal Internacional do Livro, iniciativa da Secretaria da Cultura do Governo do Estado, foi encerrada na noite do último domingo (14/12), no Centro de Eventos do Ceará. O auditório principal da Bienal foi tomado pelo público ao fim do evento, visitado por mais de 400 mil pessoas desde o último dia 6.

Tocando seu violão e contando com o acompanhamento do filho Bem Gil na guitarra, o ex-ministro da Cultura saudou o público parabenizando os organizadores da Bienal, dizendo se sentir honrado com o convite para o show e destacando a importância da iniciativa para o livro, a leitura e a cultura. "O livro é uma das fontes mais importantes de educação, conhecimento e entretenimento que o ser humano tem. E também de escoamento mais profundo dos sentimentos e conhecimentos da humanidade", ressaltou.

Era o início de um espetáculo que marcou o encerramento da Bienal, ao fim de um domingo de corredores lotados nos três andares ocupados no Pavilhão Oeste do Centro de Eventos do Ceará. No show “BandaDois”, Gil e Bem fizeram um passeio intimista por grandes sucessos da carreira do ex-ministro da Cultura, com músicas como “A Novidade” e “Não chores mais”, entre as primeiras a figurar no repertório, ambas cantadas do começo ao fim pelo público.

Em nove dias de atividades, a Bienal do Livro contabilizou mais de 400 mil visitantes – números até a tarde do domingo, com a perspectiva de fechar 450 mil até o fim do evento –, com a exposição de 80 mil títulos, equivalente a 150 toneladas de livros. Ao todo, a Feira disponibilizou 171 estandes, com 120 expositores e uma estimativa de R$ 7,8 milhões em movimentação financeira.

Ao longo de nove dias, a Bienal do Livro do Ceará manteve uma ampla programação nos três turnos, com atividades para públicos de todas as faixas etárias. O piso térreo mantinha a feira de livros com vendas e também com programação de lançamentos de livros e debates em espaços como o Café Literário, Bosque Moreira Campos e Praça José de Alencar. Além disso, o Espaço Cordel promoveu apresentações de cordelistas de todo o Nordeste, vendeu produtos e fez o lançamento de novas peças. A exposição Moreira Campos, com textos, fotos históricas e passagens da vida do contista cearense, ficou montada para visitação durante todos os dias.

O primeiro andar do Centro de Eventos concentrou toda a programação infantil, com contação de histórias, palestras e encontros com escritores, áreas voltadas para brincadeiras e atividades com as crianças, onde o livro, a literatura e a leitura eram os protagonistas. Já o segundo andar ficou voltado para os lançamentos de livros, conferências, debates e palestras da programação adulta e também da sensação da Bienal, a área de Juventude Fantástica, onde toda a programação voltada para os jovens reservou momentos de interação com as gravações de podcasts e as batalhas épicas, além das tardes e noites de jogos de RPG e das palestras com alguns dos principais escritores de Literatura Fantástica.

Mantendo a escrita, o último dia da Bienal teve uma programação intensa voltada para crianças, jovens e adultos. Confira alguns destaques:

Lançamento

“Pelo mundo do cordel, meu sucesso é garantido. De versos metrificados, meu poema esta munido para narrar os perigos do velho mundo perdido.” Essa é a terceira estrofe das 213 que compõem o livro “O Mundo Perdido”, uma adaptação em cordel, de Paiva Neves, do original de Arthur Conan Doyle. A obra, ilustrada por Klévisson Viana, foi lançada no último dia de Bienal.

A obra surgiu de um pedido de Pedro Neves, filho de Paiva. O autor acrescenta que as crianças viam cordéis com dragões e se interessavam por parecer com dinossauros. Apesar de ambientar os dinossauros na Amazônia, Paiva Neves teve o cuidado de inserir as pesquisas e descobertas quanto à existência dos animais no Ceará. Klévisson Viana, cordelista e ilustrador do livro, ressalta que a literatura de cordel é como qualquer outra e não se limita em temas específicos do sertanejo. “É uma honra ilustrar um livro que, pela primeira vez na história, traz os dinossauros como personagens de um cordel”.

Literatura e fantasia

A palestra “Usando a imaginação e a reflexão para construir o fantástico” também movimentou o espaço “Juventude Fantástica” durante o último dia de Bienal. A escritora Cristina Aguiar discutiu a criação da Literatura Fantástica, por meio de análises psicológicas, sociológicas e antropológicas. Durante o encontro, Cristina destacou que a “força da fantasia acontece porque ela chega ao inconsciente”.

A autora ainda apresentou vanguardas europeias que influenciam na escrita fantástica. “Antigamente a subjetividade não era tão trabalhada, depois do Surrealismo e do Expressionismo começaram a refletir mais a questão do subjetivo”.

Encontro de escritores

No último dia da programação infantil, teve diversidade de apresentações de circo, malabares, contação de histórias e maratona de leitura. Pela manhã, na sala 3, autores cearenses de livros infantis se reuniram para conversar sobre as obras escritas e relatar histórias de vida que os levaram ao universo da literatura infantil. O curador da programação infantil da Bienal, Kelsen Bravos, deu início ao encontro agradecendo o trabalho executado pela equipe de produção e planejamento da Bienal. Emocionado, Bravos registrou a presença dos autores que participaram do bate-papo: Mara Monteiro, Luciano Albuquerque, Elder Sales, Efigênia Alves, Rouxinol do Rinaré, Francélio Figueiredo, Tino Freitas e Túlio Monteiro, que não compareceu por motivos pessoais, mas foi representado pela filha Aline Monteiro. “É gente que tem sangue no olho e sabe da importância da educação e da leitura para esse país”, declarou Bravos.

Sobre a XI Bienal Internacional do Livro do Ceará

A Bienal Internacional do Livro do Ceará 2014 foi realizada no período de 6 a 14 de dezembro, no Pavilhão Oeste do Centro de Eventos do Ceará, com o tema “Fortaleza de Moreira Campos”. Além do cearense, o escritor nascido em Manaus, Milton Hatoum, foi homenageado. O evento teve diversas atividades simultâneas, entre feira de livros, oficinas, palestras, mesas-redondas, lançamentos de livros, exposições, colóquios, apresentações ao vivo de podcasts, rodadas de RPG, convenções, debates e shows literomusicais.

O Ministério da Cultura, o Governo do Estado do Ceará por meio da Secretaria da Cultura (Secult), a Petrobras, a Coelce e a Oi apresentaram a XI Bienal Internacional do Livro do Ceará, cuja realização foi do Centro de Treinamento e Desenvolvimento (Cetrede) e do Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC). O evento teve patrocínio do Banco do Nordeste e do BNDES, com apoio institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), e Sesc/Ceará, bem como o apoio das principais entidades ligadas ao livro e à leitura no Brasil, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), a Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), e a Associação Nacional de Livrarias (ANL).

Fonte: Secult