Tsunami tailandês, dez anos depois da tragédia

O maremoto ocorrido em 26 dezembro de 2004 no oceano Índico tornou-se o terceiro por sua intensidade em toda a história de observações sismológicas. Sua magnitude, de acordo com diferentes estimativas, variou de 9,1 a 9,3 pontos.

Por Evguenia Kuznetsova, na Voz da Rússia

Tsunami na costa tailandesa

A onda de choque originada pelo sismo passou ao redor de todo o planeta, causando tremores, por exemplo, nas profundezas do continente norte-americano. O deslocamento das enormes massas geológicas e a libertação de quantidades colossais de energia inclusive mudaram a velocidade de rotação da Terra. Os cálculos evidenciam que o maremoto reduziu a duração do dia em cerca de 2,68 microssegundos.

Aquele tsunami foi classificado como o pior desastre natural da história moderna. Os maiores danos foram causados, além da costa da Tailândia e as ilhas tailandesas, à Indonésia, Sri Lanka e Índia. O cataclismo de 2004 ceifou cerca de 300 mil vidas humanas, enquanto os danos materiais, segundo dados oficiais, ascendem a muitos bilhões de dólares.

Hoje em dia, todas as regiões assoladas há 10 anos são totalmente restauradas. Os traços da tragédia ficaram quase invisíveis, como o mostram as imagens recentes, tiradas em áreas destruídas na altura. No entanto, os moradores locais não se esquecem da tragédia e todos os anos se reúnem no dia 26 de dezembro nos lugares memoriais e simplesmente na costa para homenagear as vítimas do tsunami.

O aniversário do desastre é recordado também na Rússia, já que pelo menos um milhar de russos morreram em 26 de dezembro de 2004 na Tailândia. Até hoje, seus familiares ficam imensamente afligidos ao tocar esse tema.

No entanto, Ekaterina M., uma mulher que perdeu seus amigos íntimos na tragédia do tsunami, concordou em falar à Voz da Rússia. Ela também estava na Tailândia e crê que o vivido por ela naquele dia nefasto será para sempre uma maior comoção em sua vida:

"De manhã, fui com o meu filho para a praia, queríamos ver como estava a água, pois nos disseram que durante a noite havia subido fortemente. E foi realmente assim: na nossa praia, as ondas varreram um número de espreguiçadeiras, e vários casais de alemães de idade avançada estavam correndo pela praia tentando salvar suas cadeiras e toalhas.

Depois, fomos para o café de manhã e, quando regressamos ao cabo de meia hora, vimos a água ter se afastado a uns 80 metros para trás, descobrindo mesmo o fundo. E naquele justo momento eu vi de repente um iate, dos que estavam estacionados no cais, precipitando-se exatamente na direção de nós.

A princípio, tomei um susto de que fosse guiado por um louco qualquer, mas depois percebi que ninguém estava no iate e que esse estava se precipitando por si só ao nosso encontro. Mal consegui empurrar para um lado meu filho, uma onda nos caiu de cima. Tentei agrupar-me o corpo para evitar danos, e assim fui levada por ondas durante longo tempo até que me lançassem em qualquer terra firme.

Eu não percebi logo que estava no telhado do hotel. Claro, eu só pensava em meu filho. Comecei a procurá-lo, desci para baixo. Havia lá um tal pânico que pensei que iria me fazer grisalha. Depois, felizmente, verificou-se que um residente local tinha salvado meu filho e que tudo estava bem com ele. Mas a família de nossos amigos, hospedada num hotel das proximidades, após o desastre não apareceu nunca mais. Eles desapareceram".

Fonte: Voz da Rússia