Ucrânia aprova orçamento neoliberal com pressões e protestos

Entre protestos de rua e pressões do presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, a Rada Suprema (Parlamento ucraniano) aprovou, nesta segunda-feira (29), o orçamento estatal de 2015 com um déficit de 3,7% do produto Interno Bruto (PIB).

Bandeira da Ucrânia

Depois de um ultimato na Rada do chefe de Estado aos membros de seu grupo para que votassem no plenário e com o eco das manifestações daqueles que são contra os cortes, o documento foi aprovado com o apoio de 233 deputados, sete a mais dos 226 necessários.

Com um significativo aumento dos gastos em segurança e defesa e cortes nos gastos sociais para pagar a dívida externa (que somam cerca de 30% de todas as despesas), a proposta seguiu adiante com probabilidades de mais reduções, segundo o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk.

Homem forte de Washington em Kiev, reconhecido pela subsecretária de Estado norte-americana Victoria Nuland, Yatseniuk esclareceu que o orçamento estatal será revisado antes do dia 15 de fevereiro próximo "em função dos resultados de negociações com as organizações financeiras internacionais".

O deputado Antón Gerashenko, da Frente Popular de Yatseniuk, disse à imprensa que as negociações entre o Executivo e a coalizão parlamentar ocorreram em um lugar secreto e de "portas fechadas".

Citado pela agência Ukrinform, a fonte explicou que participaram da reunião representantes dos diferentes grupos da coalizão que comanda o país, o primeiro-ministro, o ministro de Finanças e outros interessados na Lei Orgânica do Orçamento.

Segundo Geraschenko, os maiores problemas são as mudanças no Código Fiscal e os cortes nos gastos sociais exigidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

O correligionário de Yatseniuk falou sobre a pressão do FMI para impor uma lei orçamental, ao assinalar que uma visita a Kiev de representantes dessa instituição financeira programada para o dia 2 de janeiro foi postergada para o dia 7 e poderia ser prolongada indefinidamente.

Sem o novo trecho outorgado pelo FMI "haverá problemas com o pagamento dos salários e o financiamento do Exército", concluiu o legislador. O domingo em Kiev esteve marcado por protestos de centenas de ativistas enquanto era debatido o projeto de orçamento para 2015.

Em frente a sede do Parlamento eram vistas tochas acesas, como nos dias da derrubada do presidente Víktor Yanukóvich.

Fonte: Prensa Latina