Ucrânia evoca revoltas com frio e crimes por esclarecer

Ucrânia celebra no fim deste ano o primeiro aniversário do início das revoltas que desembocaram no golpe de Estado de 22 de fevereiro de 2014, com cortes na calefação e uma lista de crimes em massa por esclarecer.

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O decreto do presidente Petro Porochenko, no qual declara o 21 de novembro como "Dia da Dignidade e da Liberdade", causou pouco entusiasmo nos kievitas, submetidos a cortes no fornecimento da calefação e obrigados a pagar por esse serviço três vezes mais que há 365 dias.

Vitali Klitschko, milionário, ex-boxeador profissional, eleito prefeito da capital, advertiu na televisão que somente se dispõe da metade do volume do hidrocarboneto necessário para enfrentar as baixas temperaturas, e chamou a acatar o impopular plano de poupança do Governo.

De Moscou, o comissário de Direitos Humanos do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Konstantin Dolgov, alertou contra as organizações neofascistas que operam em Kiev sem máscaras, e recordou que os novos governantes têm como matéria pendente o esclarecimento de vários crimes.

O diplomata informou que a chancelaria russa trabalha em uma nova edição do Livro Branco sobre esses assassinatos e os das tropas enviadas para reprimir a população das regiões de Donetsk e de Lugansk.

Um prognóstico da ONU estimou em 4.317 o número de mortos no sudeste (Donbass) desde abril, quando começou a operação militar de grande envergadura contra a população dessa região até 18 de novembro último.

Os feridos são 9.921 e os desabrigados internos e os refugiados na Rússia somam cerca de um milhão, segundo o porta-voz da chancelaria do Kremlin, Alexandr Lukachevitch.

Sobre este tema, o chefe da comissão de Política Exterior da Duma estatal (câmara baixa parlamentar), Alexandr Puchkov, contrastou a preocupação da Europa em relação a Kossovo e Sérvia com o silêncio que mantém sobre estes fatos no sudeste ucraniano.

Tudo isto apesar das tropas ucranianas causarem mais mortes, feridos, desalojados e mais destruição nas cidades.

Um ano decorreu sem que os novos dirigentes cumprissem a promessa de investigar e punir os franco-atiradores que assassinaram aproximadamente 100 pessoas – policiais e manifestantes – no centro de Kiev durante os protestos na praça de Maidán.

Outra incógnita sobreposta pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais é a captura e julgamento dos culpados do massacre na Casa dos Sindicatos de Odessa com saldo de cerca de 50 mortos.

Entre pontos de interrogação estão as covas comuns encontradas em zonas de Donetsk e Lugansk que estiveram sob controle da Guarda Nacional.

Uma evidência do duplo critério aplicado pelo Ocidente em relação à Ucrânia é o avião Boeing da Malaysian Airlines, supostamente derrubado com 298 passageiros a bordo por um caça da Força Aérea de Kiev, segundo fotos de satélites publicadas recentemente.

Sem ter em conta nenhum desses crimes, há semanas o país recebeu o vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden.

Junto a ele, chegou também o presidente do Comitê Militar da Otan, general Knut Bartells, que segundo declarou veio para analisar questões da associação entre Ucrânia e o bloco do Atlântico Norte, e para ratificar o apoio desse bloco ocidental aos novos governantes de Kiev.

Fonte: Prensa Latina