Gabrielli: Diretor ladrão tem que punir, mas não condenar a Petrobras

Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, negou responsabilidade sobre contratos irregulares na Petrobras e criticou o que chamou de exploração política dos desdobramentos da Operação Lava Jato e ainda afirmou que fará uma defesa jurídica para “fazer a verdade prevalecer”.

José Sergio Gabrielli ex-presidente da Petrobras - Agência Senado

“Fazer a verdade prevalecer significa esclarecer, tirar a exploração política que está existindo sobre os assuntos, tornar os fatos explícitos e, consequentemente, fazer a defesa jurídica”, disse.

Gabrielli disse os procedimentos adotados na Petrobras estão corretos, na imensa maioria. “Você tem mais de 55 mil contratos por ano na Petrobras. O que a direção da empresa tem que fazer é acompanhar a adequação com os procedimentos existentes. Consequentemente, a existência desses procedimentos são auferidos, avaliados. A lei americana e a lei brasileira exigem um conjunto de controles, esses controles foram todos certificados pelas auditorias na época. Portanto, a KPMG e a Pricewaterhouse atestaram, certificaram, que os controles estavam corretos. Então, a diretoria tem que saber essencialmente como é o controle. Se algum diretor é ladrão, é bandido, tem que punir o ladrão e o bandido. Mas isso não pode condenar a empresa”.

Por sete anos à frente da Petrobras, durante os dois mandatos do governo Lula, Gabrielli disse que “os fatos que acontecem, hoje, na Petrobras, são resultado da história da empresa”. “Portanto, não tem como atribuir a um ou outros. Há responsabilidades individuais que têm que ser apuradas. E os procedimentos da companhia são procedimentos regulares, normais”, pontuou.

Gabrielli afirmou ainda que o ministro do TCU, José Jorge, "cometeu errou fundamental" ao apontar prejuízo de US$ 792 milhões na compra da refinaria Pasadena, nos Estados Unidos. “Não há superfaturamento. É importante ficar claro que não há superfaturamento na maioria dos casos. A Petrobras tem, como eu disse, 55 mil contratos, está se falando sobre alguns contratos em que há discussões técnicas sobre o que significa em termos de preço. No que se refere, por exemplo, a Pasadena, a meu ver, há um erro fundamental sobre o que significa prejuízo e o que significa valor de refinaria. O ex-ministro do TCU, José Jorge, cometeu um erro, a meu ver, fundamental”.

Segundo Gabrielli, o erro é a consultoria contratada para fazer uma avaliação de potenciais cenários de refino, em 2005, ter pego um dos 25 cenários levantados e comparar com o preço pago classificando como prejuízo. “O correto seria transformar e comparar o valor da refinaria com o valor das outras refinarias equivalentes na época. E quando se faz essa comparação, Pasadena está mais do que no valor na média dos valores da época”, disse.

Com informações de O Globo