Por uma pátria educadora, trabalhadora e desenvolvida
Nos últimos 12 anos temos visto o poder da participação da classe trabalhadora, seja na política, através dos seus representantes sindicais, ou na economia, pelo ciclo virtuoso que os mandatos de Lula e Dilma promoveram durante os governos populares e democráticos na história contemporânea brasileira.
Por Carlos Eduardo Siqueira Pinheiro*, no Portal da UJS
Publicado 28/01/2015 09:16
Os números falam por si: segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged, só na gestão Dilma que acaba de findar foram gerados 5 milhões de postos formais, colocando o país em uma situação de pleno emprego. Ora, se compararmos esses dados com o de países dito desenvolvidos, como os EUA, compreenderemos melhor nossas conquistas recentes.
Tem destaque também a valorização do salário mínimo, que nos últimos 12 anos cresceu 262%. Mesmo com a tentativa de ataque pela atual equipe econômica, essa conquista advinda do governo Lula e mantida por Dilma, garantiu a 40 milhões de famílias brasileiras manterem o seu rendimento acima da inflação, ainda que, segundo o IPCA, aconteça um aumento generalizado dos preços nas principais capitais.
Programas como o PAC, Minha Casa Minha Vida, facilidade ao crédito do BNDES, Super Simples e ações do governo, como o “ir às compras”, garantiu dinamismo a economia, aumentou o consumo e gerou conforto para que a roda da economia girasse, ainda que fosse necessário criar condições mais sólidas para passos mais largos na direção de uma economia mais complexa e diversificada em nosso parque industrial. Tais condições ganharam força durante a campanha presidencial e deveria ditar o tom deste novo mandato outorgado a frente liderada por Dilma em prol do povo brasileiro.
Junto a esta situação, ao longo deste mesmo período, o patronato também recebeu fortes incentivos e benefícios, como reduções de impostos, sendo o mais significativo o IPI, mas também de áreas como a construção civil, dando a luz do benefício ao grande empresariado nacional, que viu suas contas engordarem, para não falar dos banqueiros que, com a volta da elevação da taxa de juros, ganharam reforços em sua peleja pela sanha do lucro e vida fácil.
Mesmo com a grande crise que assola o mundo, o resultado desta receita nos rendeu a manutenção de postos de trabalho e relativo controle da economia, mesmo com a campanha maciça dos meios de comunicação para detonar o governo e promover crises diárias na tevê, gerando uma assombrosa volta da inflação e questionamentos sobre capacitação da equipe econômica e da própria presidenta da república.
“Nem que a vaca tussa”
Com esta frase, dita logo após uma reunião com empresários, a presidenta marcou sua campanha de compromisso com a classe trabalhadora e a manutenção deste ciclo de vigor econômico que nos acostumamos a ver no país, ainda que muito precise ser realizado para aumentar a capacidade nacional de defesa e soberania plena da produção fabril e fortalecimento da indústria nacional.
As conquistas da classe trabalhadora, somado ao desejo em ter um governo que promova seu pleno desenvolvimento, são questões centrais para aqueles que acreditam na construção de um Brasil soberano, desenvolvido e socialista. Resguardar estes direitos é afirmar o presente, lutar pelo futuro e rejeitar o passado. Portanto, aqueles que lutam por melhores condições de vida do povo trabalhador, são quem reúnem as condições ideais para dirigir a nação e nos conduzir a dias melhores.
Porém, mesmo antes do término do primeiro mandato da presidenta, foi apresentada uma MP que atinge diretamente milhões de trabalhadores, como demonstra levantamento das Centrais Sindicais, que, em justificativa do governo, visa ajustar distorções no seguro desemprego, abono salarial, auxílio-doença, pensão por morte e seguro defeso. De nossa parte ressaltamos que, ao contrário, estas medidas fornecem as condições para uma grande doença da vaca loca, e não condiz com as propostas apresentadas pela candidata Dilma, que afirmara defender e resguardar o direito dos trabalhadores brasileiros.
As medidas atingem diretamente a juventude, que hoje corresponde por uma parte significativa dos postos de trabalho e estão em constante mobilidade em seus empregos – estudos do Ipea de 2013 apontam que, em um ano, 72,4%, ou 7 em cada 10 trabalhadores jovens deixam o emprego, ou seja, são os beneficiários diretos do seguro desemprego. Para se ter uma ideia, a cada 10 jovens que buscam emprego, 9 conseguem seu objetivo, segundo a mesma pesquisa. É importante acrescentar que, pela sua própria condição de jovem, está sempre em trânsito seja pela abertura de novos postos de trabalho ou mesmo pela instabilidade que sofrem em relação aos mais velhos.
Dentre essas medidas é preciso valorizar o trabalho, garantir sua manutenção e buscar ampliar cada vez mais a formação e aperfeiçoamento. Bom exemplo é o Pronatec, que tem como objetivo qualificar a mão-de-obra em todo país (hoje com 8 milhões de estudantes). Deste modo, as medidas que o governo apresenta vão na contra mão de programas como o citado acima ou o próprio ProUni e Fies, que a cada dia colocam mais jovens qualificados no mundo do trabalho.
Portanto, é preciso pressionar o governo Dilma para que coloque em prática seus compromissos de campanha, não com banqueiros e o deus mercado, e sim com a classe trabalhadora e o povo brasileiro. É preciso ocupar as ruas com uma agenda contundente e popular, uma agenda por melhores condições de moradia, educação e saúde, bem como por um trabalho decente. Este deve ser o tom deste ano de 2015, que promete ser de medidas de austeridade econômica por uma equipe conservadora e comprometida com setores rentistas e a serviço do mercado, e que, além do mais, se posiciona contra o desenvolvimento nacional.
Para a juventude, o recado é que é preciso se organizar, construir um movimento jovem e dinâmico junto aos trabalhadores, buscando renovar a luta sindical e suas mobilizações, interligando luta social, econômica e política, que precisam ser colocados no centro da pauta em prol do enfrentamento à sanha daqueles que acumulam o lucro pelo lucro, da redução da jornada de trabalho sem redução de salários, pelo fortalecimento do emprego e economia nacional, gerando e distribuindo renda, e colocar em cena a regulamentação da Convenção 151 e 158 da OIT. Em suma, através dessas medidas populares e de mobilização poderemos constituir uma pátria não só educadora, mas soberana, democrática e que combata as desigualdades com emprego, educação e desenvolvimento do nosso país.
*Carlos Eduardo Siqueira Pinheiro é diretor nacional de Jovens Trabalhadores da UJS, estudante de História e professor na rede pública de São Paulo