Economia mexicana em 2015, prognósticos e riscos

A economia mexicana crescerá 3,4% neste ano, em comparação com 2,4% em 2014, segundo prognóstico das Nações Unidas, mas especialistas apontam alguns riscos e incertezas apesar dos estímulos monetários e fiscais.

Enrique Peña Nieto - Wikimedia Commons

No documento Situação e Perspectivas da Economia Mundial 2015, apresentado na sede das Nações Unidas em 19 de janeiro, prevê-se que o crescimento do Produto Interno Bruto do país se acelere.

Segundo o relatório, as reformas aprovadas deverão ter um efeito positivo no setor energético, e espera-se que contribuam à recuperação, pois no ano passado o México figurou entre os países com as menores taxas no aumento dos investimentos.

O relatório considera que haverá uma recuperação moderada na América Latina e no Caribe, pois a região continua em face a difíceis situações econômicas, ainda que o crescimento será desigual, com uma maior taxa de aumento para o México e a América Central na região.

Igualmente o estudo detalha que entre os principais riscos estão a debilidade das condições internas e fatores externos menos favoráveis, sobretudo uma desaceleração mais pronunciada na China e possíveis efeitos secundários provenientes da normalização da política monetária nos Estados Unidos.

Este relatório foi elaborado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (DESA), a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), as cinco comissões regionais do organismo internacional e a Organização Mundial de Turismo (OMT).

Servidores públicos

A Secretária de Fazenda e Crédito Público (SHCP) afirmou que o governo mexicano está protegido com o seguro de cobertura petroleira frente as baixas cotações internacionais durante todo o ano de 2015.

Luis Videgaray, titular da SHCP, explicou que a diferença com respeito aos 79 dólares do preço por barril estabelecido na lei de rendimentos de 2015 será coberta com uma subconta do Fundo de Estabilização de Rendimentos Orçamentários.

Analistas consideram que apesar de ter perigo para as finanças públicas, superestima-se o impacto que o assunto terá na economia mexicana, que na última década tem diminuído sua exposição à dependência do petróleo pela constante queda na produção.

Por outra parte, o peso mexicano encerrou o ano de 2014 com uma depreciação acumulada de mais de 13%, no meio de uma alta volatilidade devido à queda do preço do petróleo.

Na opinião do governador do Banco do México, Agustín Carstens, a situação macroeconômica do país permitirá que o peso permaneça "sob controle" durante 2015 e, ainda que "pudesse haver movimentos na cotação da divisa do país, seus fundamentos fortes o irão manter relativamente bem ancorado".

Para Eduardo Loría, coordenador do Centro de Modelística e Prognósticos Econômicos da Universidad Nacional Autonoma de México (UNAM), é necessária a promoção de investimentos em infraestrutura, no contexto de uma coordenação de políticas que tivesse efeitos importantes para a sociedade.

Por sua vez Luis Foncerrada, diretor do Centro de Estudos Econômicos do setor privado, aponta que o investimento público joga um papel fundamental na criação de empregos, induz e complementa à privada, resolve infraestrutura e tira obstáculos para crescer.

Fez ênfase em que as políticas públicas devem estar dirigidas à criação de empregos, em particular seus dois grandes instrumentos, o gasto e a política tributária, porque "não há maneira de gerar emprego se não há investimento".

Todos coincidem na necessidade de pôr um freio no ambiente de violência, corrupção, impunidade e infiltração do crime organizado em zonas do país, nas quais não há investimentos, pois reina incerteza na segurança e governabilidade.

Foncerrada citou as regiões de Tierra Caliente – uma das sete regiões geoeconômicas que conformam a entidade federal de Guerrero e que também compreende alguns municípios de Michoacán e o estado do México -, e territórios de Oaxaca, Chiapas e Jalisco.

Medidas governamentais

A fim de reforçar o estado de direito no país, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, anunciou em 27 de novembro passado um decálogo de medidas entre as que figura a lei contra a infiltração do crime organizado nas autoridades municipais.

Também propôs a criação de polícias estatais únicas e que os primeiros quatro estados a adotar este modelo fossem Guerrero, Jalisco, Michoacán e Tamaulipas, entre outras significativas disposições.

Peña Nieto impulsiona a execução de projetos de investimento público e, ademais, especificou estabelecer três zonas econômicas especiais na região mais atrasada do país, que contempla os estados de Oaxaca, Guerrero e Chiapas.

Estas três zonas econômicas especiais serão o corredor industrial interoceânico no istmo de Tehuantepec, que ligará o Pacífico com o golfo do México; a segunda em Puerto de Chiapas, e a terceira nos municípios próximos ao Puerto de Lázaro Cárdenas, tanto de Michoacán como de Guerrero.

Os especialistas acham que os prognósticos das Nações Unidas são um tanto otimistas para a realidade econômica do país, devido ao aumento do déficit fiscal e da dívida pública e à queda do preço do petróleo; no entanto, pensam que o país pode ter um crescimento importante, frente às perspectivas atuais de outras grandes nações latino-americanas.

Fonte: Prensa Latina