Heroína do Fantástico, Venina, tem depoimento dispensado pela Justiça

Apesar do alarde que a grande mídia, principalmente da Rede Globo, fez com as declarações da geóloga Venina Velosa, ex-gerente da área de abastecimento da Petrobras, o Ministério Público Federal entendeu que seu depoimento não contribuem para as investigações porque não ofereceu nenhuma contribuição relevante e ela foi dispensada. Ela prestou depoimento nesta terça-feira (3) à Justiça Federal em Curitiba.

venina fonseca - Reprodução

Segundo os promotores, o depoimento prestado pela geóloga, de pouco mais de 40 minutos, foi pouco esclarecedor e não trouxe contribuição para o processo, em que se apura a responsabilidade das empreiteiras pela formação de cartel e manipulação dos contratos com a Petrobras.A dispensa foi solicitada pelo próprio Ministério Público Federal, que havia convocado Venina como testemunha.

No depoimento, a ex-gerente disse que teve conhecimento do pagamento de propina e do cartel de empreiteiras que prestavam serviços a Petrobras, mas declarou que tinha poucas informações, porque a contratação das empresas era feita pela diretoria de Serviços e Engenharia, comandada pelo ex-diretor Renato Duque, que chegou a ser preso na Lava Jato. Ela isentou a área de Abastecimento da Petrobras de responsabilidades na fiscalização das obras da empresa e atribuiu toda a culpa à diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque.

Eleita heroína da Petrobras pela Rede Globo, após uma entrevista concedida ao Fantástico, em dezembro de 2014 – com direito a muito choro e close nos olhos super maquiados -, Venina, por mais de uma vez em seu depoimento à Justiça afirmou que a licitação, fiscalização e execução das obras da Petrobras era de “responsabilidade da área de Engenharia, da área de Serviços” e isentou – vejam só – o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, réu confesso do escândalo e seu amigo de longa data.

Contradições de Venina

Apesar de ter dito por vezes na entrevista à Globo que enviou vários e-mails a então presidente da Petrobras, Graça Foster, informando sobre esquema de corrupção, no depoimento, Venina negou ter provas de existência de cartel e da proximidade das empreiteiras com diretores da Petrobras.

Venina chegou a dizer na entrevista ao Fantástico que foi enviada à Cingapura, para ter o menor "contato possível com a empresa", depois das supostas denúncias, que foram enfaticamente desmentidas por Graça Foster.

O depoimento vazio de Venina confirma as afirmações feitas por Graça Foster, também em dezembro do ano passado, ao rebater a entrevista da ex-funcionária à Rede Globo. Graça disse que recebeu alguns e-mails de Venina que a parabenizavam pelo seu aniversário ou pela sua posse na presidência, e que um deles falava sobre a refinaria Abreu e Lima e um outro, "bastante emocionado", tecia comentários "bastante cifrados" como sobre "projeto esquartejado", mas em nenhum momento falava em corrupção, fraude, conluio ou cartel, "palavras muito simples de serem entendidas", destacou a presidenta na época.

"Ela não fez uma denúncia. Aquele e-mail não foi uma denúncia", destacou Graça Foster. "Logo que assumi a presidência, conversamos sobre vários desafios que eu tinha pela frente, e ela não fez nenhuma denúncia", continuou. De acordo com ela, a conversa girou em torno, principalmente, de custos de projetos mais altos que o previsto, sobre o prazo desses projetos e as "atitudes necessárias para ir para outro caminho".

Considerado como um depoimento extremamente técnico, burocrático e genérico, Venina causou desconforto até entre os advogados dos réus. "Ela falou menos hoje do que falou para a Glória Maria [jornalista da Rede Globo, que entrevistou a ex-gerente em dezembro]", afirmou o advogado Haroldo Nater, que defende o doleiro Leonardo Meirelles.

Da redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações da Agência Brasil