Punir os corruptos mas não quebrar as empresas

A investida da oposição de direita contra o governo democrático e popular e a Petrobras tem o objetivo de levar a cabo o enfraquecimento da economia brasileira (que o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso já havia iniciado), enfraquecer a presidenta Dilma Rousseff e tentar reduzir as chances de Luiz Inácio Lula da Silva na longínqua eleição de 2018. 

Por José Carlos Ruy*

Lula em frente a Petrobras

Agem para destruir o que foi construído nos últimos doze anos de governos democráticos e populares e tentam realizar o sonho (ou melhor, o pesadelo…) de fazer o Brasil voltar a ser dócil e submisso aos interesses do imperialismo, sobretudo dos EUA.

A situação calamitosa da Petrobras no final do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso deixou duas das imagens que definem bem o entreguismo e caráter antinacional que predominou em seu mandato. Em 2001 seu governo tentou rebatizar a Petrobras como Petrobrax para facilitar a privatização e eliminar qualquer referência nacionalista em sua marca comercial. Foi impedido pela forte resistência que encontrou e teve que desistir da mudança.

A outra imagem, forte e triste, foi a da catástrofe na plataforma P-36 no campo de Roncador, distante 130 quilômetros da costa do Rio de Janeiro. Onze trabalhadores morreram em duas explosões ali ocorridas em 15 de março de 2001. A P-36, construída na Itália e no Canadá entre 1995 e 2000, levou cinco dias para afundar no mar e a imagem na tevê dessa agonia ficou na memória dos brasileiros. O prejuízo com o desastre foi de US$ 2 bilhões!

O ritual antinacional e antidemocrático do ataque atual contra a Petrobras sinaliza aos patrões imperialistas que a oposição tucana e neoliberal mantém a disposição de fazer virar realidade o programa privatista interrompido pelas sucessivas derrotas eleitorais que os brasileiros impuseram, desde 2002, aos representantes internos do imperialismo, capitaneados pelo PSDB.

A investida contra a Petrobras tem um alcance economicamente destruidor e compromete a maior empresa brasileira, um patrimônio público construído em mais de 60 anos de trabalho levado a sério.

O ataque da direita vai além da Petrobras e pode provocar um caos econômico. Sob o pretexto de combater a corrupção, a direita ameaça destruir o sistema de empresas nacionais que prestam serviços à Petrobras.

É um conjunto de empresas gigantes, com conhecimento técnico e científico, e força financeira que dão a elas musculatura para enfrentar, de igual para igual, concorrentes estrangeiras que olham com cobiça para o mercado brasileiro.

A Petrobrás ascendeu, desde o governo Lula, ao grupo das maiores petroleiras no mundo e o inicio da produção no pré-sal abre a ela a perspectiva de crescer ainda mais. Esta é a realidade que assanha o tucanato entreguista.

Dados divulgados pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) mostram que a Petrobras representa, sozinha, cerca de 13% do PIB brasileiro e tem mais de 85 mil trabalhadores diretos e quase 320 mil indiretos, que estão principalmente nas grandes empreiteiras que ela mobiliza.

A liderança tucana já perdeu o pudor e começa a falar abertamente de seus objetivos antinacionais. O deputado federal Marcus Pestana, presidente do PSDB/MG e muito próximo do cardeal emplumado Aécio Neves, disse que só vê uma saída para a crise que as grandes empreiteiras certamente terão pela frente em razão da Operação Lava Jato. A saída é o entreguismo de sempre dos aliados do imperialismo; ele prevê “o ingresso das empresas estrangeiras no setor, para substituir as empreiteiras que falirem”.

As dificuldades são concretas e o atraso nos salários e no pagamento de fornecedores passa a fazer parte da rotina de muitas daquelas empresas.

Os responsáveis pela corrupção e pelo desvio de recursos públicos devem ser punidos na forma da lei. Não pode haver dúvida quanto a este ponto no qual a presidenta da República tem insistido – todos os culpados devem ser punidos. Doa a quem doer é o bordão que ela tem repetido.

Mas Dilma Rousseff insiste, também, e com razão, que as punições devem recair sobre funcionários e empresários culpados, sobre corruptores e corruptos. E não sobre as empresas; elas precisam ser saneadas e não destruídas.

Defender a Petrobras e as empresas brasileiras faz parte das responsabilidades do governo federal dentro do objetivo de dar concretude à afirmação da soberania nacional e sua defesa.

O domínio do imperialismo é o domínio mundial das grandes empresas multinacionais. Um país que pretenda garantir sua soberania nacional precisa estar preparado política e economicamente para enfrentar os gigantes internacionais. Empresas nacionais fortes permitem que o país tenha capacidade técnica, científica, produtiva, organizacional, inclusive para produzir seus meios de defesa militar.

A etapa atual da luta pelo progresso social inclui a luta em defesa da nação, que inclui o objetivo de conquistar mais emprego e renda para os brasileiros e maior bem estar para todos. A defesa da Petrobras e das grandes empresas brasileiras faz parte da luta de classes contemporânea, da luta contra o imperialismo.

Na disputa política que ocorre no Brasil o que está em jogo não é a corrupção nem a capacidade de governar, como alardeia a propaganda da direita neoliberal. Os problemas que existem exigem do governo a disposição de realizar mais e melhores mudanças, e esta foi a bandeira que reelegeu Dilma Rousseff em 2014. O que está em jogo é a defesa plena do país. De sua soberania, de sua capacidade de suprir às necessidades de seu povo.

A realização deste programa requer mais do que a chamada governabilidade – exige a derrota dos golpistas e das iniciativas antidemocráticas e antipatrióticas da oposição neoliberal e de direita.
Exige luta. Nesta terça-feira (24) foi dado mais um passo no jogo político, com a realização, no Rio de Janeiro, do ato "Defender a Petrobras é defender o Brasil”, convocado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pelas centrais sindicais CUT, CTB e UGT, e entidades como MST, UNE, Ubes, UEE-RJ, entre outras.

Naquela manifestação o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou a costumeira disposição de luta que o caracteriza. “Eu quero paz e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar também”, disse ele.

Lula lembrou que a direita faz o que sempre fez contra a democracia e o progresso brasileiro. De fato – a direita tem sido o principal fator de instabilidade no Brasil desde pelo menos 1945.

Hoje, faz o seu jogo sujo contra o governo democrático e popular da presidenta Dilma Rousseff, contra a democracia, a economia brasileira e a soberania nacional. Aposta no caos, no quanto pior melhor, na desestabilização do governo.

Mas encontra pela frente a oposição firme e organizada do movimento social, sindicatos e partidos democráticos e de esquerda, entre eles o PCdoB. Forças populares, democráticas e patrióticas que ocupam as ruas para derrotar a direita, consolidar a democracia e garantir mais avanços sociais. O próximo ato já está marcado: será em 13 de março, quando ocorrerá uma grande manifestação, na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa da Petrobras, da democracia e contra todas as tentativas de golpismo da direita.

*Jornalista. É membro do Comitê Central do PCdoB.