Dilma: Classificação da Moody’s “é falta de conhecimento”

A oposição golpista e seus aliados não escondem que por trás do discurso falso moralista de “combate à corrupção” na Petrobras, por conta da Operação Lava Jato, está o interesse de mudar o sistema de partilha do pré-sal e entregar a maior empresa brasileira ao capital estrangeiro.

Dilma entrega de casas em Feira de Santana na Bahis - Agência Brasil

E o sistema financeiro tenta dar a sua contribuição para esse intento. Nesta quarta-feira (25), a agência de classificação de risco Moody's voltou a rebaixar a nota da Petrobras levando a estatal para o grau especulativo, indicando ao mercado que investir na petrolífera passou a ser uma operação "mais arriscada".

Das consideradas três maiores agências de classificação do mercado financeiro, a Moody's é a primeira a rebaixar a Petrobras. No entanto, a agência tem rebaixado sistematicamente a classificação da Petrobras nos últimos meses, puxando a queda do valor das ações da estatal.

Nesta quarta-feira (25), a presidenta Dilma Rousseff, durante entrega de 920 casas do programa Minha Casa, Minha Vida, em Feira de Santana, afirmou que a classificação da Moody's demonstra “falta de conhecimento” sobre a empresa e destacou que a Petrobras é uma empresa forte e vai se recuperar “sem grandes consequências”.

“É uma falta de conhecimento do que está acontecendo na Petrobras. Não tenho dúvida de que é uma empresa com grande capacidade de se recuperar disso, sem grandes consequências”, salientou a presidenta em entrevista aos jornalistas.

Dilma também confirmou que o ministro da Fazenda Joaquim Levy, tentou evitar o rebaixamento do grau de classificação. “O governo sempre vai tentar evitar o rebaixamento. Lamentamos que não tenha sido correspondido por parte da agência”, ressaltou.

Coro entreguista

A oposição tratou de alardear a informação por meio de sua principal aliada, a grande mídia, como a grande tragédia anunciada – já que para eles não há outra solução, senão privatizar. O senador tucano Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, disse que o rebaixamento é um “desastre” e não deixou de fazer a exploração política da notícia afirmando que a culpa "era do PT".

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também integrou o coro dos alarmistas de plantão e disse que é preciso “repensar o papel da Petrobras”.

“É um alerta, é grave e a sociedade vai acabar pagando um custo maior pela necessidade que a Petrobras terá que captar para investir”, disse Cunha em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Para justificar a mudança da classificação de risco, a Moody’s disse que a decisão "reflete uma preocupação contínua com as potenciais" pressões de muito curto prazo que a Petrobras pode sofrer em sua liquidez. A agência disse ainda que não espera melhoras na redução do nível de endividamento da empresa no médio prazo e também levantou questionamentos sobre como o rumo das investigações no caso de corrupção na empresa pode causar "distrações" que comprometem o seu nível operacional.

O motivo de tanta cobiça é o sistema de partilha do pré-sal. Dados do Boletim de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, divulgados nesta quarta, informam que a produção de petróleo da camada pré-sal, em novembro de 2014, chegou a 602,3 mil barris por dia (bpd). Além disso, a empresa é a primeira no mundo em prospecção em águas profundas.

Combustíveis

Durante a coletiva de imprensa, a presidenta Dilma foi indagada sobre um novo aumento do preço dos combustíveis. “Passamos 2013 e 2104 sob um conjunto de críticas dizendo que governo e a Petrobras tinham que elevar o preço [dos combustíveis]. Não elevamos, passamos todo o período de US$ 100 a US$ 120 o barril sem mexer significativamente nos preços. E agora também não mexemos, o que fizemos foi recompor a Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico] e não elevamos uma vírgula o preço nem abaixamos”, rebateu a presidenta.

Dilma destacou ainda que “não é possível submeter o país à política dos preços internacionais do petróleo” e que seu governo vai continuar nessa direção.

Sobre o diesel, a presidenta disse que governo não tem como baixar o preço. A redução é uma das reivindicações dos caminhoneiros que bloqueiam rodovias em protesto. O governo tenta negociar o fim da manifestação dos caminhoneiros por meio de uma negociação entre ministros e representantes dos caminhoneiros e de transportadoras.

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Do Portal Vermelho, com informações de agências