Segunda rodada de diálogo entre Cuba e EUA: posturas antecipadas

Delegações de Cuba e Estados Unidos realizarão, nesta sexta-feira (27), em Washington, a segunda rodada de conversas com o objetivo de restabelecer seus vínculos diplomáticos, encontro para o qual adiantaram posturas e um enfoque construtivo.

Cuba e Estados Unidos

Assim como a primeira rodada de conversas realizada 22 em de janeiro em Havana, esta será presidida pela diretora-geral da chancelaria cubana para os Estados Unidos, Josefina Vidal, e a secretária assistente de Estado para os Assuntos do Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson.

Vidal chegou na quarta-feira (25) a Washington D.C junto a um grupo de funcionários públicos da ilha, para cumprir uma agenda intensa de trabalho.

As partes também reafirmaram a vontade de avançar para o estabelecimento das relações interrompidas por mais de meio século e a abertura de embaixadas em ambos países, após os anúncios dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama em 17 de dezembro de 2014.

De acordo com o vice-diretor geral para os Estados Unidos do Ministério de Relações Exteriores cubano, Gustavo Machín, a delegação da maior das Antilhas participará do encontro com um espírito construtivo.

“Confiamos que durante este novo contato bilateral sejam alcançadas soluções aos assuntos propostos em janeiro no Palácio de Convenções de Havana”, declarou à imprensa na capital cubana, entre os assuntos está a exclusão de Cuba da lista de estados promotores do terrorismo que Washington elabora anualmente de maneira unilateral.

"Seria uma contradição que restabeleçamos relações diplomáticas com os Estados Unidos se Cuba continuar na lista de países que promovem o terrorismo", advertiu.

Machín também mencionou os problemas que a Seção de Interesses da ilha caribenha enfrenta em Washington pela falta de acesso a um banco.

O diplomata antecipou que durante as conversas enfatizarão aos anfitriões a importância de retomar as relações diplomáticas sobre bases sólidas, apoiadas no respeito mútuo, a não ingerência nos assuntos internos e a igualdade soberana de todas as nações, princípios plasmados na Carta da ONU.

Por sua vez, um servidor público do Departamento de Estado, cujo nome e cargo não foram informados, afirmou a jornalistas em uma conferência telefônica a vontade de reestabelecer o quanto antes as relações bilaterais.

Com respeito ao tema da exclusão de Cuba da lista de promotores do terrorismo, explicou que Washington o vê como um assunto separado da restauração das relações.

"Obviamente, avançamos na revisão do tema com a rapidez possível e esperamos resolvê-lo muito em breve, mas não acreditamos que as duas questões estejam relacionadas", explicou.

A fonte estimou que não deve ser um processo de meses, como alguns meios publicam, ainda que tenha descartado estabelecer prazos.

Segundo o servidor público, a segunda rodada de conversas também permitirá continuar abordando a situação dos diplomatas uma vez abertas as embaixadas, em alusão às restrições de movimento vigentes em ambas capitais.

Vidal manifestou há poucos dias a disposição da ilha de abordar essas limitações, a partir de uma mudança de postura dos representantes estadunidenses em Havana, que têm sido denunciados por estimular, organizar, abastecer e financiar setores que atuam contra os interesses do Governo e do povo cubanos.

Ao responder uma pergunta sobre a falta de acesso a um banco na Seção de Interesses cubana em Washington, o porta-voz estadunidense admitiu as dificuldades derivadas de operar exclusivamente em dinheiro e reafirmou a vontade do Departamento de Estado de ajudar na solução.

No caso da possibilidade de uma terceira rodada de conversas, o diplomata preferiu não especular.

"Sempre sou otimista e penso que avançaremos bastante nesta rodada (…). Nossos presidentes e ministros querem que cheguemos a um acordo para restaurar as relações diplomáticas e continuaremos trabalhando até conseguir", afirmou.

Pelo exposto, Cuba e Estados Unidos parecem encaram as conversas desta sexta-feira em sintonia com o princípio da igualdade soberana estabelecida na Carta da ONU, ainda que em situações bem diferentes.

A ilha está mais de meio século submetida por seu vizinho a um bloqueio econômico, comercial e financeiro, repudiado pela comunidade internacional. Além disso, está incluída desde 1982 em uma lista unilateral de patrocinadores do terrorismo, o que implica em restrições adicionais.

Fonte: Prensa Latina