Carlin Moura: Crises passam e as obras ficam

No dia 10 de março, assinamos a Ordem de Serviço para a construção da Trincheira do Itaú, parte do Plano Estratégico de Mobilidade Urbana que está sendo implementado em Contagem.

Por Carlin Moura *

Carlin Moura - Reprodução

São R$ 220 milhões de investimentos, decorrentes do financiamento do governo federal, por meio da Caixa Econômica Federal, para a construção de obras estruturantes, como a trincheira, viadutos e novos corredores de ônibus. Com a Trincheira do Itaú, pretendemos solucionar um dos grandes gargalos de trânsito no município, que fica no entroncamento entre as avenidas Babita Camargos e General David Sarnoff. Ali, chegam a transitar mais de 70 mil carros por dia, 102 linhas de ônibus, além de caminhões e carretas, que atendem as indústrias da região (saiba mais no www.contagem.mg.gov.br).

Vamos dar início a essa grande obra no momento em que o Brasil passa por dificuldades econômicas e políticas. Mas é justamente nessas horas difíceis que não podemos descuidar das obras e investimentos.

É importante destacar que o nosso país tem uma democracia consolidada e todas as instituições estão em pleno funcionamento. Tivemos no ano passado um grandioso processo eleitoral. Os poderes legislativo e judiciário estão funcionando plenamente, assim como o Ministério Público, e os órgãos auxiliares, como a Polícia Federal. As eleições já passaram e eventuais divergências
políticas não podem prejudicar o andamento do nosso país. Exemplo disto são as investigações em curso na Petrobras, que não podem ser contaminadas pela agenda política.

A Petrobras é uma empresa brasileira, fomentadora da cadeia produtiva nacional, inclusive de Contagem. A inviabilidade dela poderia acarretar vários problemas, já que temos inúmeras empresas fornecedoras de máquinas, equipamentos e produtos que geram empregos para a nossa população.

A defesa da estabilidade democrática se faz necessária para alcançarmos a estabilidade econômica. Nessas horas é preciso muito juízo e equilíbrio por parte de todos.

Acredito ser justamente neste momento de crise econômica que os investimentos públicos devem ter um papel ainda mais estratégico, já que o investimento privado fica na defensiva e desconfiado. Com isso, existe a tendência do capital privado mergulhar! Aí o governo tem que entrar em campo para esvaziar a piscina e reutilizar a água.

No início dos anos 70, o Brasil sofreu uma crise similar, decorrente da crise internacional do petróleo. E qual foi a reação na época? Aumentaram-se os investimentos públicos com a implantação do segundo Plano Nacional de Desenvolvimento-II (PND). Nessa época, houve uma ofensiva do Estado dando início às obras da hidrelétrica de Itaipu e da usina de Angra dos Reis. Foi criada a Embrapa e diversas outras estatais brasileiras.

Outros países não tiveram a mesma iniciativa! Entraram nos anos 80 endividados – assim como o Brasil, é verdade – mas com uma diferença: eles não tiveram as conquistas da Embrapa, de Itaipu e de Angra dos Reis, como nós. Nesse sentido, o fortalecimento dos investimentos públicos é essencial para alavancar a economia e retomar a confiança dos brasileiros.

Como estamos fazendo em Contagem, iniciando uma ampla frente de obras com financiamentos do governo federal, temos que incentivar uma campanha para o aumento dos investimentos públicos e privados, em obras de infraestrutura e de engenharia nacional.

*Carlin Mora é membro do PCdoB  e prefeito de Contagem (MG)