Novos passos rumo à paz na Colômbia

Passados mais de dois meses da trégua militar decretada pelas Farc-EP, a suspensão por um mês dos bombardeios do Exército contra os acampamentos da organização insurgente constitui outro passo decisivo para a paz na Colômbia.

Farc - Luis Robayo/AFP

A iniciativa pretende reduzir a intensidade do conflito armado, o único do continente, comentou o presidente Juan Manuel Santos, depois de reconhecer o impacto de medidas anteriores instauradas pelo movimento guerrilheiro com esse mesmo propósito.

A paralisação de bombardeios contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP) foi precedida pela trégua ofensiva decretada de forma unilateral pelo grupo desde 20 de dezembro de 2014 e por outros acordos, como a decisão de não recrutar menores de 17 anos para incorporar suas filas.

Além disso, o Governo e as Farc-EP assinaram um acordo para começar um processo de retirada de minas, erradicação de explosivos improvisados e de munições que não foram detonadas.

Esse programa, que abarcará inicialmente cerca de 100 municípios, pretende oferecer maior segurança à população civil, explicaram em um comunicado conjunto.

Liderado por uma organização norueguesa, esse trabalho poderia demorar até 2015 devido a sua envergadura.

A série de anúncios, que inclui a formação de uma comissão assessora para a paz, gera otimismo no país, castigado por mais de 50 anos de guerra.

Não obstante o caráter temporário da ordem, paralisar os ataques contra as tropas guerrilheiras poderia aliviar as comunidades em regiões que constituem cenário tradicional de conflito, além de abrir o caminho para um cessar fogo bilateral, consideram congressistas.

Em um mês, o Executivo decidirá se mantém ou não essa disposição, período no qual as forças militares continuarão suas missões de controle territorial e luta contra o crime, explicou o advogado Humberto de la Calle, encarregado da equipe governamental que negocia o fim do conflito interno com as Farc-EP.

Segundo analistas, esse passo resolve transitoriamente o problema de dialogar no meio da guerra e descarta a ruptura das conversas como resultado de violência associada ao conflito.

Paralelamente, grupos de especialistas debatem em Havana, sede permanente dos diálogos pacificadores, sobre as características, condições e fases para uma suspensão definitiva das hostilidades entre ambas as partes.

As conversas, que começaram em 2012, transitam por sua fase crucial ao tratar de questões controversas como a indenização às vítimas, que chega a 6,8 milhões.

Resta também o ponto que se refere a acabar com o conflito em si, o que inclui aspectos como o abandono das armas, desmobilização e reintegração dos guerrilheiros à sociedade.

Apesar do otimismo com os acordos com as Farc-EP, a instalação de uma mesa de acordos com o Exército de Libertação Nacional (ELN) continua em espera e sem previsão de data.

Sendo assim, ainda falta caminho por andar para conseguir a assinatura da paz antes de acabar 2015, uma meta anunciada pelo presidente, que foi reeleito para um segundo mandato com a promessa de promover os diálogos com a insurgência para acabar com a guerra.

Fonte: Prensa Latina