Venezuela: milhões contra agressão imperial    

A esmagadora maioria dos venezuelanos considera que os EUA não têm razões para decretar que o país é uma ameaça e rechaça a ingerência e qualquer agressão norte-americana, indica uma recente pesquisa, num momento em que a campanha mundial em defesa da República Bolivariana soma apoios.
 

 

Venezuela

Segundo um inquérito realizado pela Hinterlaces, 86% dos venezuelanos avalia como despropositado e sem fundamento o decreto que Barack Obama assinou, no dia 9 de março, qualificando a Venezuela como um perigo à segurança dos EUA. Na mesma pesquisa, efetuada entre 14 e 18 de março com base numa amostra que cobriu todo o país, 81% dos inquiridos discorda que Washington opine sobre os assuntos internos da nação sul-americana, e um número ainda maior, 94%, rejeita qualquer tipo de agressão yankee.

Os dados do estudo divulgado no domingo (23) indicam que 58% dos venezuelanos apoia que o presidente Nicolás Maduro tenha solicitado ao parlamento poderes especiais temporários – a chamada Lei Habilitante, aprovada domingo (22), pela maioria dos deputados da Assembleia Nacional. 64% considera, por outro lado, que a oposição deveria apoiar o governo na defesa da República Bolivariana face aos EUA, e a maioria acusa a oposição de atuar a favor dos seus próprios interesses (53%) ou dos interesses dos EUA (15%).

Os números da Hinterlaces foram difundidos dias depois do governo da Venezuela ter lançado uma campanha mundial sob o lema “A Venezuela não é uma ameaça, somos esperança”. Desde então, milhões de pessoas em todo o mundo têm-se expressado contra a investida imperialista.

Na sexta-feira (20), a hashtag #ObamaDerrogaElDecretoYa manteve-se na lista das dez mais populares entre os usuários da rede social Twitter, através da qual o presidente Nicolás Maduro agradeceu, “em nome da pátria de Bolívar, ao mundo e à nossa América pela unidade anti-imperialista”. Maduro saudou ainda a defesa da paz e da independência da Venezuela, e lembrou que a batalha que o país trava não é apenas em sua defesa e do seu povo, mas “da América Latina e dos seus povos”.

Mobilizar até 10 de abril

Simultaneamente, as autoridades venezuelanas lançaram um abaixo-assinado exigindo que Barack Obama “retire a ordem executiva contra a Venezuela e normalize as relações diplomáticas com o governo, legitimamente eleito, do Presidente Nicolás Maduro, com base no respeito mútuo e no princípio da não ingerência nos assuntos internos de outros países”. No documento apela-se “ao governo dos EUA para que assuma as suas obrigações internacionais, no respeito pela autodeterminação dos povos e ao direito destes decidirem livremente o seu caminho”.

Nas ruas de Caracas e de outras cidades e localidades da Venezuela, 14 mil pontos de subscrição foram instalados. O objetivo é chegar aos dez milhões de assinantes até ao dia 10 de abril para que Nicolás Maduro, o primeiro subscritor, leve o texto à VII Cúpula da Organização dos Estado Americanos (OEA), que se realiza no Panamá, com o propósito de o entregar ao presidente norte-americano.

Em Lisboa, um ato de solidariedade decorreu na manhã de sexta-feira(20), frente à representação diplomática da República Bolivariana, em Lisboa. Populares, venezuelanos residentes em Portugal e representantes do Partido Comunista Português, do Conselho Português para a Paz e a Cooperação, da Cooperativa Mó de Vida, da Associação de Cubanos Residentes em Portugal e da Federação Mundial da Juventude Democrática marcaram presença.
 
Fonte: Jornal Avante