UNE repudia violência contra manifestantes em ato dos trabalhadores

Cerca de 5 mil trabalhadores promoviam um ato pacífico da CUT, CTB com o apoio da UNE, UBES, MST e diversos movimentos nesta terça-feira (7) em Brasília, contra o projeto de lei que vai regulamentar a terceirização irrestrita do trabalho quando a polícia agiu de forma truculenta para impedir os manifestantes de ingressarem no Congresso Nacional.

Manifestante agredido pela PM em Brasília - Agência Brasil

Por volta das 15 horas, quando o carro de som dos manifestantes manobrava para se posicionar diante da entrada principal do Congresso, a polícia legislativa atirou em um dos pneus para parar o veículo. Depois disso, os policiais militares do Distrito Federal também entraram em cena com spray de pimenta e bombas de gás para dispersar a manifestação. A atitude da polícia gerou revolta entre os trabalhadores, que resolveram enfrentar a polícia, mesmo sob tiros de borracha. Vários trabalhadores foram feridos e alguns presos.

Para a CUT, a atuação truculenta de policiais diante do Congresso Nacional deixou clara a resposta que a atual presidência da Casa pretende dar às manifestações democráticas e que enfrentem interesses empresariais.

O deputado federal e ex-presidente da UNE, Orlando Silva (PCdoB-SP), esteve na manifestação. “A polícia foi provocativa, estava despreparada. E o presidente da Câmara erra ao fazer o tensionamento. Não pode ordenar que evacuem a Câmara de forma indiscriminada. Não permite os rapazes entrarem com a camisa do sindicato, mas eu vi vários engravatados entrando sem problema. Atitudes como essa vão isolar ainda mais o Congresso”, afirmou.

A presidenta da UNE, Virgínia Barros, também estava na manifestação. Ela acusou a ação da polícia como uma tentativa de desestabilizar o ato. “Infelizmente, a Polícia Militar e a polícia legislativa não compreendem que manifestações pacíficas são parte da democracia de um país. Receberam os manifestantes com bombas e pancadaria, numa flagrante tentativa de desmobilizar o ato. É preciso rechaçar com veemência a atitude da polícia e exigir que a direção da Câmara dos Deputados respeite o direito dos trabalhadores e trabalhadoras se manifestarem”, disse.

Além de Brasília, aconteceram manifestações contra o projeto em 17 Estados. Em São Paulo o ato que começou por volta do meio-dia em frente ao Hospital das Clínicas e terminou na Praça da República, no centro da cidade. Na capital paulista o ato foi em conjunto com Frente Democrática em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).

O PL 4330, que amplia a terceirização em empresas e órgãos públicos, que deveria ser votado em regime de urgência nesta terça-feira (7) foi adiado para esta quarta-feira (8).

Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, “é lamentável que deputados e algumas centrais sindicais apoiem um projeto tão nocivo às relações do trabalho, sobretudo pelo que implica o projeto, que nada mais é do que o atestado da precarização e flexibilização dos direitos trabalhistas”.

No Brasil, os terceirizados recebem 24% a menos do que os que têm contratos diretos com as empresas, e possuem uma jornada semanal de 3 horas a mais bem como são as maiores vítimas de acidentes de trabalho. Dos dez maiores grupos de trabalhadores em condições análogas à de escravos resgatados entre 2010 e 2013, 90% eram terceirizados.

“A terceirização deveria ser regulamentada para assegurar igualdade de direitos entre terceirizados e efetivos – e não para ampliar a precarização das condições de trabalho, como quer Eduardo Cunha e sua turma com o PL 4330”, ressaltou a presidenta da UNE.

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Fonte: UNE