Comissão da Reforma Política ouve presidentes de partidos políticos 

Na próxima terça-feira (14), a Comissão Especial da Reforma Política prossegue com audiências públicas para ouvir os presidentes dos partidos. Foram convidados para apresentar suas posições sobre a proposta de reforma política o presidente do PT, Rui Falcão; do PCdoB, Renato Rabelo, além dos dirigentes do PSD, PSB e PDT. 

Comissão da Reforma Política ouve presidentes de partidos políticos - Agência Câmara

Na última terça-feira (7), a Comissão ouviu os presidentes do PPS, PHS e PSol. As três legendas são contrárias à chamada cláusula de barreira – norma que impede ou restringe o funcionamento parlamentar do partido que não alcançar determinado percentual de votos.

O relator da comissão, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), já anunciou sua intenção de incluir cláusula de desempenho partidário em seu parecer, que deverá ser apresentado até o final do mês.

Castro ressaltou que a reforma política terá de lidar com a fragmentação partidária existente hoje no Brasil. “Só no Brasil, existem 28 partidos representados no Parlamento. Normalmente, em outros países, são de quatro a sete”, apontou.

Para o presidente do Psol, Luiz Araújo, essa cláusula enfraqueceria os partidos e provocaria o efeito de “afunilamento de interesses” nas legendas dominantes.

O presidente do PHS, Eduardo Machado, criticou a discussão da cláusula de barreira pela comissão especial, após o Supremo Tribunal Federal já ter considerado a medida inconstitucional.

Para ele, essa cláusula “enterra o direito das minorias de participarem” da política institucional. Machado defendeu a garantia da existência dos pequenos partidos no Congresso Nacional. “Hoje existem 28 partidos representados neste Parlamento porque assim quis o povo”, disse.

Para o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), a liberdade partidária deve ser plena, sem regras que restrinjam o funcionamento de partidos. "Interessa ao Brasil excluir minorias como a cláusula de desempenho faz?", questionou.

O parlamentar acredita que os partidos políticos não devem ser tutelados pelo Estado, como ocorre no Brasil. “Partido político não é instituição do Estado. É direito de cidadania.” Para ele, acabar com os pequenos partidos não vai resolver a crise política brasileira, e sim agravá-la.

Outras críticas

Sobre o fim das coligações nas eleições proporcionais, o relator disse que o tema é “mais ou menos” um consenso na comissão de reforma política. O líder do PHS, deputado Marcelo Aro (MG), argumentou que o fim das coligações não é ponto pacífico no colegiado e que o partido é contrário a esse ponto.

Os presidentes do PPS e do PHS criticaram ainda a ideia do “distritão”, sistema eleitoral defendido pelo PMDB, que institui o sistema majoritário para a eleição dos deputados, em vez do atual sistema proporcional.

“Isso vai criar 513 entes autônomos no Congresso Nacional. Vai ser criada uma Câmara que prescinde dos partidos”, afirmou Freire. Já Eduardo Machado acredita que, no sistema proporcional existente hoje, as minorias conseguem espaço no Congresso. “Calar a voz das minorias é calar a voz do povo”, disse.

Do Portal Vermelho
De Brasília, com Agência Câmara