Cúpula das Américas fortalece luta por soberania dos países da região

A Cúpula das Américas, realizada na semana passada no Panamá, foi muito importante para a autoafirmação dos povos latino-americanos e do Caribe. Isso porque todos os países que participaram condenaram as ingerências na região.

Cúpula das Américas

O encontro fortaleceu a unidade entre os povos e a condenação à ingerência na política interna dos países, muitas das quais realizadas tendo como instrumento a Organização de Estados Americanos (OEA). Esta é a avaliação de Socorro Gomes, presidenta do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e do Conselho Mundial da Paz (CMP).

“Foi exigido o respeito à autodeterminação e à soberania dos países e povos do continente. Para que haja relações amistosas e paz na região,  existam relações de igual para igual, para que se respeite o princípio da não ingerência e da autodeterminação, portanto, que haja relações respeitosas entre as nações”, explicou. A líder esteve presente tanto na Cúpula das Américas como na Cúpula dos Povos, que ocorreu paralelamente na capital panamenha.

Segundo ela, as sanções estadunidenses, que atribuem à Venezuela um caráter de 'Estado terrorista', tiveram a exigência “unânime (para a retirada deste status) entre os países que se pronunciaram sobre o tema, um pedido para abolir este decreto”. Isso em ambos os fóruns.

Um outro tema de grande destaque durante as reuniões, que aconteceram entre os dias 9 e 11 de abril, foi “o apoio a luta contra o colonialismo, por exemplo, a independência de Porto Rico. Isso foi muito falado, teve muito apoio. Na cúpula oficial e também na Cúpula dos Povos, vários chefes de Estado se referiram a isso”.

Socorro Gomes classificou esta edição da Cúpula das Américas como vitoriosa. Ela lembrou do encontro de 2005, em Mar del Plata, na Argentina. Paralelamente ocorreu a 3ª edição da Cúpula dos Povos “que enterrou a Aliança de Livre Comércio das Américas (Alca). Agora, desta vez, os países latino-americanos e caribenhos levantaram a voz pela questão da soberania. Então, vários chefes de Estado disseram ‘nós nunca mais seremos o pátio, o quintal dos EUA’. E na Cúpula dos Povos a discussão esteve em torno de problemas relacionados com a educação, imigração e justiça social”.

A nota negativa ficou por conta do tratamento dispensado a Cuba. A ilha esteve no centro dos debates por conta de sua primeira participação em um fórum com todos os países da região nos últimos 50 anos, que se tornou possível no quadro das negociações de aproximação diplomática com os EUA, e pelos inúmeros pedidos pelo fim do bloqueio econômico que tem prejudicado a nação cubana por décadas.

No entanto, os representantes do país vivenciaram uma situação delicada. “O Panamá, que foi o anfitrião, responsável pelo credenciamento, cometeu uma infâmia contra Cuba e contra todos os países da América Latina e que depõe contra a própria Cúpula das Américas. Os panamenhos credenciaram mercenários, facínoras, organizações criminosas, terroristas como Posada Carriles e até Félix Rodríguez (Mendigutia), assassino do Che Guevara. Foram credenciados como se fossem da sociedade civil cubana sendo que eles nem vivem lá há mais de trinta anos, então isso foi terrível, uma provocação”, disse Socorro Gomes.

Do Portal Vermelho