"Impitimeiros" cachorros loucos!

Também há um contraponto nas ruas, onde os movimentos populares e democráticos ganham vitalidade e empunham a bandeira da democracia, denunciam os golpistas, bem como as tentativas de subtrair direitos dos trabalhadores…

Dilma o Recife mandou te chamar

 • Miranda Muniz

“Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão objetiva ou não houve razão objetiva. Quem diz se é objetiva ou não é a Justiça, a polícia, o tribunal de contas. Os partidos não podem se antecipar a tudo isso, não faz sentido. Você não pode fazê-lo fora das regras da democracia. Qualquer outra coisa é precipitação". (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 19.04.2015).

"Impeachment é quando se constata uma irregularidade que, do ponto de vista legal, pode dar razão a interromper um madato. E eu acho que essa questão ainda não está posta"
(Senador José Serra – PSDB, 18.04.2015).

“Não se pode enveredar por uma aventura… Porque responsabilidade política não significa responsabilidade material, em que você tem uma acusação peremptória de envolvimento direto. Não devemos ir pelo caminho de instrumentalizar a crise. Neste momento, é preciso muita responsabilidade com o País.”
(ex-candidata Marina Silva, 19.04.2015).

"Eu acho impensável, porque nós temos que ter tranquilidade institucional no nosso país… Não podemos abalar as nossas instituições democráticas falando desse assunto. Volto a dizer: é matéria impensável." (Vice-presidente Michel Temer, 20.04.2015).

"Eu não apoio e acho que é golpe. Qualquer tentativa de impeachment de quem não assumiu é tentar desvirtuar o resultado eleitoral"
(presidente da Câmara Eduardo Cunha, 30.12.2014).

Pelas declarações acima, é fácil deduzir que a tese tresloucada do Impeachment, alimentada pelos setores da oposição ressentida e inconformada com a derrota no pleito eleitoral para a presidenta Dilma, que têm como principais defensores o candidato derrotado Aécio Neves, e outros “democratas” como Cássio Cunha Lima (líder do PSDB no senado), Agripino Maia e Ronaldo Caiado (expressões do DEMO), o recalcitrante Roberto Freire (presidente do PPS) e o Paulinho da “Farça” Sindical e do Solidariedade, a cada dia vai ficando mais isolada do que cachorro louco.

Como se não bastasse, o “CoxinhaDay” do último dia 12 de abril que, segundo os organizadores e financiadores, iria “ser maior” ao ocorrido no dia 15 de março, perdeu força considerável, e a quantidade de manifestantes mingou em cerca de 70%.

Além disso, pesquisa do Instituto DataFolha apontou que do total de presentes (83% de eleitores do Aécio Neves), a maioria de cor branca e com renda superior a 10 salários mínimos, declararam espontaneamente que saíram às ruas pelos seguintes motivos: 33% para protestar contra a corrupção no geral; 13% pelo Impeachment da presidenta Dilma; 11% contra o governo (sem especificar qual); 10% contra o PT; 8% por indignação e insatisfação (sem especificar); 8% por mudanças e por um Brasil melhor; 4% para dar apoio à maioria (a maioria foi quem ganhou as eleições?!?); 3% pela Reforma Política; 2% contra Dilma; 2% por insatisfação contra a política econômica; 2% pela Saúde e 2% por direitos em geral. Ou seja, apenas 13% foram às ruas pedir impeachment!

Segundo a mesma pesquisa, a maioria entendia que o Congresso deveria abrir um processo de impeachment contra a Presidenta. Entretanto, 48% não acreditavam no afastamento da Presidenta, contra 44% que acreditavam.

Por outro lado, seria imbecilidade em não reconhecer o papel de isenção que a presidenta Dilma vem tendo no decorrer do processo de investigação de casos de corrupção, sendo até mesmo elogiada pelo presidente dos EUA Barack Obama.

Com sagacidade, a Presidenta promoveu mudanças importantes na diretoria da Petrobrás, o que provocou a reversão da tendência de queda para uma subida acentuada das ações, para a decepção de alguns tucanos emplumados que defendem a privatização da Estatal.

Outro movimento importante da Presidenta foi no “tabuleiro político” ao escalar o vice-presidente Michel Temer como o articulador político, “toureando” o PMDB (que tem as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado) que insistia na tese da “falta de diálogo” do Governo com o Congresso.

Também há um contraponto nas ruas, onde os movimentos populares e democráticos ganham vitalidade e empunham a bandeira da democracia, denunciam os golpistas, bem como as tentativas de subtrair direitos dos trabalhadores, a exemplo do PL4330 (terceirização), apoiado irrestritamente pelos partidos de oposição, e as MP 664 e 665, encaminhadas no afogadilho pelo Governo e que devem sofrer importantes mudanças no Congresso.

Há também que se ter em conta que mesmo a tese do impeachment perdendo força, a “oposição”, com apoio incondicional da mídia hegemônica e do capital especulativo, irá fazer de tudo para dificultar e inviabilizar as ações do governo da Presidenta Dilma, afinal, já são 4 derrotas e o “fantasma” do #LULA2018 já provoca pesadelos.

Aos setores democráticos e populares só restam um caminho, como bem pontuou recente documento da Comissão Política Nacional do PCdoB:“redobrarem os esforços para que seja constituída uma ampla frente democrática e patriótica em torno da defesa da democracia, do mandato constitucional da presidenta, da defesa da Petrobras, do combate à corrupção, da retomada do crescimento econômico com a defesa dos direitos trabalhistas e pela Reforma Política democrática”. Isolando de vez os “cachorros loucos”!

Miranda Muniz – agrônomo, bacharel em direito, oficial de justiça-avaliador federal, diretor de comunicação da CTB/MT – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e secretário sindical do PCdoB-MT