Mesmo com lucro de R$ 5,7 bilhões, Itaú continua com demissões

Dados divulgados nesta terça-feira (5), apontam que o Itaú Unibanco, maior banco privado brasileiro, encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 5,73 bilhões, ou seja, cifra 29,7% maior que o registrado em 2014. Mesmo com as cifras positivas o Itaú não parou com as demissões que, desde 2011, somaram mais de 16 mil bancários sem emprego.

Por Joanne Mota, da Rádio Vermelho

Mesmo com lucro de R$ 5,7 bilhões, Itaú continua com demissões

A contradição que nos chama a atenção do banco "Feito para Você" é que ao passo em que os lucros sobem, crescem também o número de demissões e os processos movidos pelo entidades de classe. É aceitável que um banco cujos lucros aumentam todos os anos, como é o caso do Itaú, em vez de investir na contratação de funcionários demita cada vez mais?

Em 2014, essa instituição financeira teve um lucro líquido de R$ 20.242 bilhões. Isso representa um aumento de 28.9% em relação a 2013, ano em que o lucro foi de R$ 15.695 bilhões.

Enquanto isso, segundo dados do Sindicato dos Bancários de São Paulo, de março de 2011 a junho de 2014 cerca de 16 mil trabalhadores e trabalhadoras do Itaú foram demitidos em todo o Brasil. No Espírito Santo, durante o ano de 2014 foram 53 demissões, sendo 50 sem justa causa. Em 2015 já foram 11. Dessas, 9 foram sem justa causa.

Lucro líquido

De acordo com informações disponibilizadas pelo banco, o lucro líquido foi de R$ 5,8 bilhões, um aumento de 28,2% em relação ao mesmo período do ano anterior e a rentabilidade ficou em 24,5%.

O Itaú também informou que os ativos totais alcançaram R$ 1,3 trilhão e os recursos próprios, captados e administrados totalizaram R$ 1,8 trilhão no primeiro trimestre de 2015. O Índice de basiléia foi de 15,3%, demonstrando a forte posição de capital do banco. A margem financeira subiu 27,8%, para R$ 15,96 bilhões, refletindo tanto as margens maiores na concessão de empréstimos como ganhos maiores com tesouraria.

Outro dado apresentado pela empresa, foi o índice de inadimplência geral do banco (atrasos de mais de 90 dias de correntistas pessoas física e empresas), que computou recuo de para 3%. Além disso, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido anualizado do Itaú Unibanco foi de 24,2%, ante 22% de igual etapa de 2014 e 24% do trimestre anterior.

Estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o desempenho dos bancos em 2014 aponta que setor registrou crescimento de 18,5% em seus lucros, com montante de R$ 60,3 bilhões.

De acordo com estudo, o total de ativos dos cinco maiores bancos do país atingiu o expressivo montante de R$ 60, 3 bilhões, com evolução de 14,4% em 12 meses. Há o registro ainda de que o patrimônio líquido dessas instituições cresceu 18,4% no período, atingindo R$ 370 bilhões.

Alta dos juros, parceiro fundamental

O estudo ainda aponta que um dos fatores responsáveis por esse resultado foi a expressiva elevação das receitas com Títulos e Valores Mobiliários, decorrente das sucessivas elevações da taxa Selic no ano passado.

Especula-se no mercado que as previsões são de que a Selic, hoje em 13,25%, deve chegar a 13,5% ao ano no final de 2015. Para 2016, a projeção dos juros básicos subiu de 11,5% para 12% ao ano. As previsões estão no boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras que é divulgada semanalmente pelo Banco Central.

Na busca pela chamada "eficiência operacional", os bancos privados nacionais deram continuidade ao fechamento de postos de trabalho, embora em ritmo menor que nos anos anteriores.

Entre os bancos públicos, o Banco do Brasil seguiu a mesma tendência, enquanto a Caixa Econômica Federal continua sendo a única instituição financeira com forte geração de emprego e concomitante melhora nos índices de eficiência.

Caixa, um diferencial

Ainda segundo relatório do Diesse, entre os grandes bancos, a Caixa permanece se destacando. Entre 2013 e 2014, os ativos da instituição cresceram 24% e o patrimônio líquido, 76,1%.

Um dos motivos para o forte crescimento do patrimônio líquido do banco ocorreu a partir de julho do ano passado, quando a Caixa teve um aporte de capital da ordem de R$ 27,9 bilhões por parte do Tesouro Nacional, na forma de instrumento híbrido de capital e dívida, conforme resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).

O levantamento do Dieese alerta que, com o objetivo de melhorar o Índice de Eficiência, frente ao quadro econômico nacional e internacional e do aumento das exigências de capital impostas pelo Acordo de Basiléia III, os grandes bancos privados fizeram uso do expediente de corte das despesas com pessoal, por meio da redução de postos de trabalho, e aumento das receitas com tarifas bancárias. Por outro lado, a concessão de crédito foi bastante conservadora.

Em sentido oposto, os bancos públicos, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, reduziram o ritmo da oferta de crédito em relação aos patamares que vinham sendo praticados desde o início da crise internacional, para assim se adequar a uma conjuntura de desaceleração da atividade econômica e às novas exigências regulatórias.

O estudo observa ainda que, apesar disso, a Caixa manteve a estratégia de expansão, ainda que em ritmo menor, cuja atuação tem sido aumentar a estrutura de atendimento e ampliar a cobertura pelo país. Segundo o Dieese, "a Caixa mostra ser possível melhorar o Índice de Eficiência com ampliação de postos de trabalho, mediante o aumento da participação na oferta de crédito na economia".

*Com informações da Rede Brasil Atual e do jornal O Globo