Visita de primeiro-ministro incrementa relações Brasil-China

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, chegou a Brasília às 18 horas desta segunda-feira (19), horário de Brasília, iniciando sua visita oficial, primeira escala de um giro por quatro países latino-americanos. O voo que partiu de Pequim fez uma escala na Irlanda e chegou a Brasília após uma viagem de 22 horas. Nos próximos três anos, os dois grandes países do Brics vão apertar novamente as mãos para enfocar cooperações nas áreas de produção e fabricação de equipamentos.

Primeiro-ministro da China, Li Keqiang

Durante a visita de Li Keqiang ao Brasil, os dois países podem assinar acordos no valor de cerca de US$ 53 bilhões, que envolvem uma série de projetos de investimentos nas áreas de energia, mineração, construção de infraestruturas e manufaturas. A visita também pode impulsionar os intercâmbios comerciais no setor de alimentos entre os dois países.

De acordo com o jornal China Business News, dezenas de empresas chinesas, que envolvem as áreas de finanças, energia, construção de infraestruturas, Internet e manufatura de equipamentos, podem participar das atividades industriais e comerciais realizadas durante a visita.

Na última década, os investimentos chineses no Brasil registaram um aumento considerável, e o gigante asiático se tornou o maior parceiro comercial do Brasil em 2009. O comércio sino-brasileiro saltou dos US$ 6,5 bilhões em 2003 para os US$ 83,3 bilhões em 2012. De ponto de vista geográfico mais alargado, entre 2000 e 2012, o comércio entre a China e a América Latina cresceu 2250%, de US$ 10 bilhões até US$ 255,5 bilhões.

Antes da visita do premiê chinês, o subsecretário de Política do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador José Alfredo Graça Lima, afirmou que a “segunda rodada de clímax” dos investimentos da China ao Brasil está chegando. A primeira rodada focalizou as matérias primas e commodities, mas atualmente o foco será a indústria e construção de infraestruturas.

Lima afirmou na sexta-feira passada (15) que Li Keqiang vai assinar uma série de acordos com a presidenta Dilma, que envolvem os setores de política e comércio e cerca de 30 projetos de investimento. O destaque será a proposta de construção da Ferrovia Transoceânica que liga o porto brasileiro de Santos, no Atlântico, e o porto peruano de Ilo, com uma distância total de 5.000 km.

Segundo Lima, o plano será concluído em três a quatro anos. Apesar de preocupações de algumas organizações de proteção ambiental, o projeto está “em avanço”. Além disso, como o terceiro maior produtor de aeronaves comerciais do mundo, a brasileira Embraer vai entregar 22 jatos regionais à China, o que faz uma parte da encomenda chinesa de 60 aviões.

“A China satisfez a demanda ansiosa de fundos da América Latina e Caribe, sobretudo o Brasil”, disse Charles Tang, presidente da Câmara Brasil-China, com a sede em São Paulo.

O embaixador chinês no Brasil, Li Jinzhang, publicou na segunda-feira (18) um artigo no Diário do Povo, dizendo que as relações sino-brasileiras estão mantendo um desenvolvimento rápido e entrando em uma fase mais madura e estável.

Li afirmou que no novo século, a China e o Brasil, os maiores países em desenvolvimento nos hemisférios oriental e ocidental, se esforçaram para alcançar a prosperidade e o rejuvenescimento nacional. Os dois países continuam explorando os caminhos de desenvolvimento adequados, tornando-se na segunda e sétima maiores economias do mundo, respectivamente. A China e o Brasil aprenderam mutuamente nos intercâmbios e realizaram cooperações de benefício mútuo, levando as relações sino-brasileiros a se tornarem um exemplo de igualdade e progresso conjunto dos países emergentes, o que favorece a ambos os países e seus povos, disse o embaixador.

No ano passado, os dois países celebraram o 40º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas. Atualmente, as relações sino-brasileiras estão mantendo o desenvolvimento rápido e entrando em uma fase mais madura e estável. Com o reforço e melhoria da cooperação sino-brasileira, os dois países aprofundaram a integração dos interesses bilaterais, desempenhando um papel cada dia mais importante na própria estratégia de desenvolvimento.

Com as dificuldades na recuperação da economia global, as principais economias mostram diferentes desempenhos. A China entrou na nova normalidade econômica e precisa aprofundar a reforma e a abertura, com a promoção da diversificação da força-motriz do crescimento. Por lado, o Brasil também enfrenta a tarefa para reajustar as estratégias de desenvolvimento econômico, diante do término da prosperidade das commodities globais.

No quadro do Fórum China-Celac, a China e o Brasil devem fortalecer os intercâmbios e desempenhar o papel do Brasil, que é o de maior economia latino-americana, a fim de promover, paralelamente, a cooperação entre a China e o Brasil e entre a China e a América Latina. O Brasil já se tornou o primeiro fundador latino-americano do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII). A China está disposta a reforçar a coordenação com o Brasil nesta instituição multilateral, para ajudar o Brasil a participar da construção de infraestrutura e de projetos de interligação da Ásia, além de impulsionar em conjunto o aperfeiçoamento da ordem financeira internacional.