Encontro do PCdoB-RS debate mobilização frente à ofensiva conservadora
Realizado no sábado, dia 11, o Encontro Estadual Sobre Questões do Partido reuniu, em Porto Alegre, cerca de 180 dirigentes municipais do PCdoB no RS. O evento serviu para debater o posicionamento da sigla na luta política atual, o plano de mobilização para o próximo período que envolve a realização das conferências municipais e estadual e uma campanha de filiações.
Publicado 13/07/2015 11:02 | Editado 04/03/2020 17:09
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Alemão aborda conjuntura política e necessidade de mobilização |
O presidente estadual, Adalberto Frasson, analisou a conjuntura política nacional, situando os principais desafios a serem enfrentados pelos comunistas neste momento de crise política por que passa o país. "É preciso reagir a esta ofensiva conservadora de direita que tenta impor sua agenda política", assinalou.
Frasson chamou atenção para o papel do PCdoB neste momento: "caso a direita seja bem sucedida em seu intento golpista, estaremos diante de um grande retrocesso, intenso ataque aos avanços civilizacionais, aos direitos trabalhistas e à soberania nacional. É hora de chamar a unidade e a mobilização em defesa do Brasil, da democracia e da retomada do desenvolvimento. Esta é a prioridade do PCdoB", disse.
Identidade
O secretário nacional de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Abreu "Alemão", também avaliou o cenário da disputa política no país e assinalou sua gravidade. Alemão centrou sua exposição na necessidade do fortalecimento e organização do partido. Ele salientou a importância do programa partidário e o seu estatuto que, segundo ele, são ferramentas de conteúdo político que servem para orientar a atuação dos comunistas, sobretudo em um momento complexo da conjuntura como este que vivemos.
Campanha de filiações
O deputado estadual Juliano Roso fez uma apresentação do trabalho partidário no parlamento gaúcho, com destaque para a análise crítica sobre o governo Sartori. "Trata-se de um governo que está no caminho errado. Até agora não conseguiu apresentar um caminho viável para enfrentar a crise. Tem feito cortes nas áreas mais sensíveis para a população que mais precisa, como saúde e segurança. O resultado: a segurança vive um caos e os hospitais estão fechando por falta de recursos". Roso também criticou a estratégia do arrocho nos salários dos servidores e as ameaças de privatizações que começam a aparecer nos pronunciamentos de membros do governo. "O governo Sartori está mergulhando o estado num mar de pessimismo, o Rio Grande está retrocedendo deste jeito", assinalou.
Roso apresentou à plenária a campanha de filiações que o partido deverá realizar entre os meses de julho e outubro em uma primeira fase. Sob o slogan "PCdoB: democracia, desenvolvimento, igualdade", a campanha deve ter como foco o crescimento da sigla entre os movimentos sociais, as lideranças que defendem as causas diversas da sociedade, lideranças eleitorais e a intelectualidade. A campanha também será apresentada nas inserções de TV e rádio nos dias 17, 20, 22 e 24 de julho.
Crescimento
Segundo o secretario estadual de Organização do PCdoB RS, André Coutinho, o próximo período deve ser de intensa luta política, crescimento e organização para o partido no estado. As Conferências Municipais deverão ocorrer até outubro e serão oportunidade para debater amplamente com a sociedade as ideias e propostas do PCdoB. O plano da secretaria é organizar o partido em todos os municípios gaúchos com mais de 10 mil eleitores, já preparando a sigla para o pleito de 2016.
Emoção
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Antigos militantes comunistas se filiam ao PCdoB |
Um momento especial do encontro foi o ato de filiações de Bruno Mendonça Costa, Eunice Costa e Pedro Machado Alves. Nascido em Cachoeira do Sul em 1937, Bruno se formou em Medicina na UFRGS em 1963, é mestre em Farmacologia e doutor em Psiquiatria pela UFRJ. Em 1971, ainda em sua primeira passagem pelo PCdoB, quando era secretário de Finanças, foi preso e submetido às mais bárbaras torturas no DOPS/RS e na OBAN/SP. Com a redemocratização, ajudou a fundar o PSB, do qual se desfiliou há algum tempo, retomando agora ao PCdoB.
Esposa de Bruno, Eunice Costa, 82 anos, nunca havia se filiado ao PCdoB, por uma questão de segurança. Durante a ditadura, caso houvesse problemas com a repressão – como, de fato, houve com seu marido – era preciso haver alguém para cuidar dos filhos. No entanto, Eunice sempre acompanhou Bruno. Ela era bancária e perdeu o seu emprego quando das perseguições ao marido.
Pedro Alves, 76 anos, é filho de pais agriculturas, nascido em Santo Antônio da Patrulha. Em Porto Alegre, trabalhando na indústria, passou a integrar a Juventude Operária Católica. Mais tarde, tornou-se uma das principais lideranças do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e região. Nesse período, conheceu Huberto Bronca e João Carlos Haas, ambos militantes do PCdoB, que posteriormente vieram a ser mortos na guerrilha do Araguaia, e acabou integrando o partido. Em maio de 1969, foi preso e torturado no DOPS/RS.
Terminada a ditadura, Pedro ajudou na organização do PT, no qual militou por anos, e formou-se Engenheiro Operacional, com especialização em Engenharia de Segurança, função que exerce até os dias atuais. Hoje, Pedro retorna ao PCdoB.