Sociedade de Pediatria de SP critica programa do governo Alckmin

A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) divulgou nesta segunda-feira (20) nota em que critica o programa Vivaleite, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo, que distribui leite de vaca “in natura” para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Denúncias de constransgimentos à amamentação resultaram na aprovação de lei municipal em São PauloWilson Dias/Agência Brasil

De acordo com o presidente da entidade, o pediatra Mário Roberto Hirschheimer, que assina a nota, o leite de vaca integral não é indicado para crianças com menos de um ano de idade. Ele ressalta que bebes com menos de 12 meses que não podem ser amamentados pelas mães deverão receber fórmula láctea adequada, evitando os malefícios que o leite de vaca pode causar.

Conforme ressalta o pediatra, se todas as crianças fossem amamentadas exclusivamente com o leite materno durante os seis primeiros meses de vida e continuassem a recebê-lo até os dois anos de idade, quase 1,3 milhão delas poderiam ser salvas todos os anos e outras milhares cresceriam mais saudáveis em todo o mundo. Segundo dados do Unicef, a amamentação é uma medida que reduz em 13% a mortalidade infantil.

Como o leite materno é comprovadamente capaz de fortalecer o sistema imunológico, protegendo a criança contra infecções e de promover um crescimento saudável, todos os esforços devem ser voltados ao incentivo do aleitamento materno, afirma a SPSP. Mães com pouco leite devem recorrer a bancos de leite.

Para isso, os pediatras defendem a adoção de políticas que incentivem o aleitamento materno, como licença maternidade até os 6 meses, creches ao lado da empresa, salas de apoio à amamentação e proteção à mulher que trabalha sem vínculo empregatício – como por exemplo as diaristas e cooperadas – além de informação e apoio dentro do próprio lar.

A entidade destaca ainda que toda criança deve ter acesso a consultas de puericultura e que o leite industrializado só deverá ser utilizado na alimentação infantil com prescrição médica.

E que após o sexto mês de vida, com a inclusão de outros alimentos na dieta, é que o consumo de fórmula láctea vai aos poucos sendo substituída. Depois que completa um ano, o leite de vaca pode ser considerado adequado como fonte de proteínas e sais minerais. Após os dois anos, a oferta de alimentos lácteos é importante para complementar suas necessidades de cálcio – mas não para substituir uma refeição.

No último dia 17, Hirschheimer participou de reunião com representantes da Secretaria Estadual de Saúde, do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Social para discutir o Programa Vivaleite, que passou por mudanças recentemente..

No começo do mês, Alckmin anunciou cortes no programa, deixando de fora 37 mil crianças de até um ano e acima de seis anos de idade. Com a repercussão negativa, o tucano recuou e resolveu ampliar a distribuição para 20 mil crianças entre seis meses e um ano, recorrendo a um programa da Secretaria de Estado da Saúde.

O leite é distribuído a famílias com renda per capita de ¼ de salário mínimo (R$ 197) com cadastro atualizado nos centros de referência em assistência social dos municípios. Em 2015, o orçamento da secretaria para o Viva Leite é de R$ 240 milhões.