Palestina exige na ONU fim da impunidade de crimes israelenses

O observador permanente palestino ante a ONU, Riyad Mansour, exigiu no Conselho de Segurança o fim da impunidade dos crimes cometidos por Israel contra seu povo, como os do último verão na Faixa de Gaza.

Israel Jerusalém - Mahmoud Illean / AP

"Em um ano após a horrível devastação causada de maneira deliberada pela potência ocupante, nem um único soldado ou oficial israelense foi acusado pelos crimes perpetrados ante os olhos do mundo", denunciou em um debate do órgão de 15 membros sobre a situação no Oriente Médio.

De acordo com o diplomata, as feridas físicas e humanas continuam abertas na Faixa, onde 51 dias de bombardeios e incursões terrestres de tropas de Tel Aviv deixaram mais de 2 mil e 200 mortos e 11 mil feridos, a maioria civis, e severos danos na infraestrutura vital.

“A esperança definha também nos que aguardam reparação desta enorme injustiça”, afirmou no foro liderado pelo chanceler da Nova Zelândia, Murray McCully, país que preside neste mês o Conselho.

Mansour recordou que entre as vítimas da agressão estavam 551 crianças, com idades entre uma semana de vida até 17 anos, e 299 mulheres.

“As famílias seguem traumatizadas pelas afetações, que incluem 1.500 menores órfãos e 110 mil deslocados a partir da destruição de suas casas”, sublinhou.

O embaixador palestino destacou também que a Faixa de Gaza, onde vivem 1 milhão e 800 mil pessoas, continua submetida a um ferrenho bloqueio israelense (imposto em 2007), que multiplica a crise humanitária, o desemprego, a falta de alimentos e os obstáculos para a reconstrução.

Em relação à ocupada da Cisjordânia, advertiu que Tel Aviv insiste em sua política de colonização mediante novos assentamentos, apesar da condenação da comunidade internacional e o rechaço da ONU.

Além disso, Israel prossegue com o confisco de terras e a demolição de moradias palestinas, em franca violação das normas internacionais e das resoluções do Conselho de Segurança; expôs. Mansour também denunciou que os ocupantes não deixam de reprimir o povo árabe na Ribeira Ocidental, com suas sistemáticas incursões, prisões arbitrárias e dispersão pela força de protestos.

“O assassinato na semana passada de Mohammed Kasbah, de 17 anos, em um ponto de controle em Qalandiya, é uma prova disso, crime que enlutou ainda mais uma família que já havia perdido dois de seus filhos, Samer (15 anos) e Yasser (11)”, disse.

Em sua intervenção, o diplomata pediu ao Conselho de Segurança que cumpra suas responsabilidades e ouça o reclame mundial pelo fim da impunidade e de apoio à busca da paz, face à universalmente defendida solução dos dois Estados.