Dilma: “Nessa travessia, não podemos permitir retrocesso"

Durante inauguração da Escola Nacional de Gestão Agropecuária (Enagro), nesta terça-feira (18), a presidenta Dilma Rousseff defendeu as medidas que o governo vem tomando para impedir retrocessos na atividade econômica brasileira.

Dilma Rousseff recebe Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos – Abrinq

Entre as ações, a presidenta destacou a política de desonerações, entre elas a dos itens da cesta básica. Segundo Dilma, o objetivo é garantir as condições do país para vencer os desafios que a economia brasileira vem enfrentando. “Nessa travessia, algumas coisas nós não podemos permitir que voltem atrás ou que tenham retrocesso. Dentro disso está o agronegócio, este agronegócio que deu tantos ganhos para o nosso país”, afirmou.

Dilma salientou que, embora o Brasil seja a sétima maior economia do mundo, enfrenta "dificuldades" como outros países. "E ninguém imaginaria isso porque o Brasil, até então, tinha tido um desempenho fantástico [em meio à crise mundial]. Nós tínhamos conseguido superar os seis anos da crise recorrendo a um conjunto de políticas. Hoje, nós não temos como dar suporte a tudo o que fizemos. Desoneramos a folha das empresas, desoneramos a cesta básica e desoneramos uma séria de investimentos produtivos", disse.

"Mas nós vamos continuar mantendo as desonerações, em alguns casos, na sua integralidade, como é o caso, por exemplo, da cesta básica, mas, em outros casos, teremos de reduzir o nível de desoneração. Por que? Para transitar. É uma travessia que estamos passando", acrescentou.

Dilma Rousseff salientou também que foram ampliados os recursos para financiamento das atividades do setor agropecuário. O Plano Agrícola e Pecuário 2015-2016 elevou em 20% os recursos destinados ao crédito para financiar a próxima safra. “Acredito que isso é o reconhecimento também, por parte do governo, da imensa importância deste setor”, garantiu a presidenta.

Chanceler alemã

A presidenta Dilma lembrou dos esforços do país para avançar nos acordos comerciais na área da agricultura. E falou do encontro com a chanceler alemã Angela Merkel, que inicia nesta quarta-feira (19) uma agenda oficial no Brasil. “Pretendemos sinalizar que o Brasil está disposto, está pronto para apresentar a sua oferta de acordo comercial, o que também irá beneficiar bastante o setor industrial, mas sobretudo o setor agrícola e pecuário do nosso país”, afirmou.

Encontro com delegação da Abrinq

Também nesta terça (18), a presidenta Dilma se reuniu com representantes da indústria de brinquedos que apresentaram os resultados do setor nos últimos anos e as estratégias para manter o crescimento da produção nacional e a ampliação da participação no mercado interno.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, a produção nacional deve fechar o ano de 2015 com 55% de participação no mercado e a expectativa do setor é chegar, até 2021, ao patamar de 70%.

No último mês de junho, a indústria de brinquedos atingiu a marca de 500 milhões de itens produzidos desde o início de 2011. “É uma marca histórica, isso nunca aconteceu no Brasil e a nossa capacidade já está batendo no teto, no limite máximo. É a hora, portanto, de investir e partir para um novo momento”, afirma.

Para isso, o executivo da Abrinq apresentou à presidenta Dilma um plano de investimentos de US$ 1 bilhão para expansão da capacidade produtiva e a geração de dez mil novos postos de trabalho nos próximos anos. “É importante lembrar que faz cinco anos que o setor de brinquedos não demite e há cinco anos que não fecha nenhuma fábrica. A gente precisa desse investimento para tomar de volta o nosso mercado”, garante.

Ações do governo

Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, os resultados apresentados pela indústria de brinquedos são um exemplo de como as políticas de incentivo do governo têm dado frutos. “É um exemplo de que alguns instrumentos de política industrial podem, sim, oferecer respostas adequadas, sobretudo na perspectiva da recuperação de alguns setores da indústria brasileira”, destacou o ministro.

Entre as ações, Synésio destaca o programa de integração produtiva entre os países do Mercosul. O setor já lançou 40 produtos diferentes que têm conteúdo dos cinco países que compõem o bloco. “O programa de integração permitiu que a gente tivesse redução de custos, aumento de escala econômica e a importação de brinquedos vem caindo ano a ano. No ano passado ela caiu 18%, uma queda de importação de 18% é igual a 18% de injeção de competitividade e a indústria nacional está aqui para poder fazer esse papel”, garante o presidente da Abrinq.

Synésio ressalta que essa não é uma conquista exclusivamente do Brasil e sim fruto da integração de cinco indústrias de brinquedos do Mercosul. Segundo dados da Abrinq, são quatro fábricas no Uruguai, 60 fábricas na Argentina, quatro fábricas no Paraguai, 318 fábricas no Brasil e 42 fábricas na Venezuela. “Não é uma política do governo brasileiro, mas é uma política comandada pelo Brasil, porque nós somos o maior mercado, e nós é que temos o maior número de fábricas”, avalia.