A duradoura tradição da mídia de esquerda nos Estados Unidos

O Portal Vermelho, na tentativa de fornecer ao leitor um quadro da imprensa proletária nos Estados Unidos desde seus primórdios, fez uma lista abrangente com algumas das principais publicações de esquerda no país.

A duradoura tradição da mídia de esquerda nos Estados Unidos

The Agitator (e The Syndicalist) (1910 – 1913)
The Agitator, mais tarde renomeado The Syndicalist, foi a voz do sindicalismo revolucionário dos Estados Unidos pré-Primeira Guerra Mundial. Organizado por Earl Ford, J.W. Johnstone e William Z. Foster, formou várias organizações sindicais, inspiradas no sindicalismo revolucionário da CGT francesa. Sem conseguir superar o International Workers World (IWW), seus membros criaram a Liga Militante Sindicalista Minoritária, em Chicago. Pouco tempo depois rebatizaram o jornal The Syndicalist como o órgão da Liga dos Sindicatos da América do Norte (SLNA). Diferentemente do IWW, que procurava competir com a AFL, o SLNA usou a estratégia do entrismo na AFL.

American Appeal (1926 – 1927)
Jornal do Partido Socialista da América nos anos 1920. Esse periódico foi a continuação do The Socialist World, também publicado em Chicago. Editado por Eugene V. Debs, o jornal dava voz à liderança de centro do SPA, depois da ruptura com os comunistas nos anos de 1919 e 1920. O jornal foi o órgão oficial do SPA nos anos pré-primeira guerra.

American Socialist (1914 – 1917) Editado por J. L. Enghdal, reflete as tendências reformistas e eleitoreiras da liderança do partido naquela época. Foi também uma plataforma das campanhas eleitorais do partido nos anos da Grande Guerra

American Socialist (1954 – 1959)
Quando o grupo Cochran-Braverman destacou-se do Socialist Workers Party (SWP) em 1953, não tentou fundar uma nova formação de 'vanguarda'. Ao invés disso, a organização que criaram, chamada The Socialist Union, foi uma tentativa consciente de procurar um modelo diferente. Combinado com sua revista mensal, The American Socialist, eles tentaram fundar uma nova corrente de pensamento marxista que deixasse de lado os hábitos "sectários" do passado. Embora o jornal tenha sido publicado durante apenas seis anos, de 1954 a 1959, ainda é muito importante para os ativistas contemporâneos, que procuram construir novas organizações revolucionárias, livres do dogmatismo e do sectarismo.

The Class Struggle (1917 – 1919) The Communist (1919-1923)
The Class Struggle (A Luta de Classes) foi uma revista teórica bimensal marxista publicada em Nova York pela Sociedade Publicação Socialista. Entre seus primeiros editores estavam Ludwig Lore e os teóricos marxistas Louis B. Boudin e Louis C. Fraina ( que deixou a publicação em 1918). No terceiro e último ano do periódico, The Class Struggle surgiu como um das primeiras vozes em inglês das facções de esquerda internas do American Socialist Party e sua edição final foi publicada pelo recém criado Partido Comunista Trabalhista da América. The Communist foi o nome de uma série de jornais comunistas. As várias facções de esquerda do Partido Socialista da América que deixaram a organização em 1919 formaram os dois primeiros partidos comunistas do país, o Partido Comunista da América e o Partido Comunista Trabalhista. As duas tinham um periódico chamado “The Communist”. Em 1923 essas publicações se fundiram, representando então o unificado Partido dos Trabalhadores (Comunista) da América.

The Communist (1926 – 1945)
Jornal publicado pelo Partido dos Trabalhadores (Comunista) da América, dando continuidade ao periódico mensal The Workers Monthly, iniciado em 1926. A revista passou de um formato literário, do The Workers Monthly, para um do tipo teórico. A revista mensal teve continuidade até a mudança de nome, em 1945, para Political Affairs, seguindo uma sugestão do movimento comunista internacional, que procurava manter a aliança com o Ocidente após a Segunda Guerra Mundial.

The Daily Worker (1923 – 1958)
O The Daily Worker foi um diário do Partido Comunista dos EUA. Como descendente direto do The Ohio Socialist, The Toiler e outros jornais comunistas, o The Daily Worker tornou-se o órgão central da Seção dos EUA da Internacional Comunista. O lançamento do The Daily Worker representou a consolidação da organização e da política de várias correntes pró-bolcheviques dos EUA. Foi um dos jornais comunistas mais longevos, na história do país. Era publicado em formato de folhetim até os anos 1950, quando se transformou em um tabloide.

Fight – Against War and Fascism (1933-1939)
Já o jornal Fight Against War and Fascism foi o veículo de uma organização formada em 1933 pelo PCEUA e por uma união de pacifistas, preocupados com a ascensão do nazismo e fascismo na Europa. Em 1937 o nome do grupo mudou para Liga Americana pela Paz e Democracia.

Good Morning (1919-1922)
O Good Morning foi um jornal de humor de esquerda americano publicado entre 1919 e 1922 pelo cartunista Art Young. Outros autores como Ellis Jones, Samuel Roth e Mabel Dwight contribuíram com o jornal. A primeira edição foi a público em 8 de maio de 1919. Embora fosse semanário, o jornal teve dificuldades enormes para sobreviver. Após o período de julho a outubro de 1919 sem publicá-lo, Young (já sem a colaboração de Jones) reformatou o jornal, para voltar a publicá-lo uma vez a cada 45 dias.

Health & Hygiene (1935-1938)
A revista Health & Hygiene Publication foi lançada com o intuito de dar uma perspectiva de esquerda, baseada no programa do PCEUA, em 1935, em questões que giravam sobre a saúde pública nos Estados Unidos.

Industrial Organizer (1941) Industrial Union Bulletin / Industrial Worker (1907 – 1913)
O The Industrial Organizer, foi o jornal que deu continuidade ao Northwest Organizer que foi encerrado em agosto de 1941, e era a voz da maior parte da classe trabalhadora dos EUA no fim do ano de 1941. Os trotsquistas lideravam um dos sindicatos da região norte do país, o Local 544-CIO. Esse sindicato foi alvo de ataques por Daniel Tobin, chefe do the International Brotherhood of Teamsters, que via o Local 544-CIO como uma ameaça aos acordos de trabalho que ele estava tentando impor nos estados do centro-norte. A maior parte do jornal era destinada a defender o sindicato contra os ataques da IBT.

O The Industrial Union Bulletin e o Industrial Worker eram publicações feitas pelo Industrial Workers of the World (IWW). Representavam os pontos de vista dos socialistas e dos sindicalistas revolucionários e mostravam como eram ferozes os embates da luta de classes no período anterior ao da primeira guerra mundial, durante a ascensão da oligarquia industrial americana.

International Socialist Review (1900 – 1918)
Revista mensal publicada em Chicago por Charles H. Kerr. Leal ao Partido Socialista da América em toda a sua existência, após 1908 foi reconhecida como uma das primeiras vozes da esquerda do partido. Defendeu o conceito de socialismo revolucionário contra aqueles que tentavam reduzir o PSA a um partido reformista, lutou de forma consistente contra a expansão do militarismo e foi o veículo que os líderes da Esquerda Zimmerwald tiveram para transmitir suas ideias para o público americano.

Labor Age (1929 – 1933)
Labor Age foi uma revista da esquerda trabalhista publicada pela Labor Publication Society de 1921 a 1933. Ela sucedeu ao Socialist Review, jornal da Intercollegiate Socialist Society. A Labor Age estava alinhada com a League for Industrial Democracy, e durante o período de 1929 a 33, a revista foi filiada à organização Conference for Progressive Labor Action, com A. J. Muste jogando um importante papel em sua organização. Outras figuras importantes associadas com a revista foram James Maurer, Harry W. Laidler, e Louis Budenz. A revista defendia o sindicalismo nas indústrias, o planejamento econômico e a nacionalização de indústrias. Foi também grande promotora do movimento educacional dos trabalhadores.

Labor Defender (1926-1930)
A Labor Defender foi uma revista mensal da organização International Labor Defense, fundada pelo líder do Partido Comunista, James P. Cannon, que incluía uma grande variedade de apoios de outras correntes, como Eugene V. Debs e Upton Sinclair. A ILD deu início a um debate entre James P. Cannon e "Big Bill" Haywood, no exílio de Haywood em Moscou, no ano de 1925. Cannon lembra que "o velho guerreiro", que estava exilado com uma sentença de 20 anos sobre sua cabeça, estava muito preocupado com a perseguição aos trabalhadores na América. O ILD foi criado com esta concepção e o Labor Defender era seu espaço de discussão mensal.

Labor Herald (1922-1924)
O Labor Herald era o orgão oficial da Trade Union Educational League (TUEL). Estabelecido por William Z. Foster em 1920 como um meio de unir os líderes de vários sindicatos por um plano de ação comum. O grupo foi auxiliado pela Internacional Comunista via Partido Comunista da América a partir de 1922. A organização não exigia que os trabalhadores se filiassem à ela, ao contrário, obtinha renda vendendo panfletos e uma revista mensal. Após alguns anos de sucesso, o grupo foi marginalizado pelos sindicatos da Federação Trabalhista Americana (American Federation of Labor – AFL), que denunciou a estratégia de entrismo e a tática de derrubar seus líderes sindicais.

Labor Unity (1927-1934)
O Labor Unity foi o órgão principal da Trade Union Unity League (TUEL). Essa organização era um braço do Partido Comunista dos Estados Unidos (PCEUA) entre 1929 e 1935. O grupo americano era filiado à central sindical Internacional Vermelha. É resultado da política do terceiro período da Internacional Comunista, que defendia a estratégia de dualidade sindical e o abandono da política de entrismo.

The Liberator (1918-1924)

O The Liberator foi uma revista mensal estabelecida por Max Eastman e sua irmã Crystal Eastman em 1918, para dar continuidade ao trabalho feito pelo The Masses, que foi fechado devido às políticas do governo americano no período da guerra. O jornal combinada uma astuta cobertura política dos eventos do dia, artes plásticas, literatura e uma seção de cartuns que era uma das melhores da história do jornalismo americano.

The Masses (1911 – 1917)
A The Masses foi uma inovativa, graficamente falando, revista de política socialista publicada mensalmente nos Estados Unidos de 1911 a 1917, quando autoridades federais processaram seus editores por conspiração. Ela foi sucedida pelo The Liberator e mais tarde pelo The New Masses. Publicava reportagens, ficção, poesia e arte e era chefiada por líderes como Max Eastman, John Reed, Dorothy Day, e Floyd Dell. As capas, consideradas sensacionais, eram copiadas pelas revistas da época.

The New Review (1913 – 1917)

O propósito deste jornal era tornar conhecidas as "conquistas intelectuais de Marx e deu seus sucessores" para o "recém despertado e consciente proletário, na difícil estrada que o conduz à emancipação". Na prática, essa publicação foi feita por intelectuais e para intelectuais. O ano era 1913. Sem nunca pretender ser ideologicamente homogênea, a a tendência dos três anos e meio de existência dela foi ser um veículo de centro-esquerda.

A revista tentou ativamente focar as questões fulcrais do sindicalismo e das ações de massa em 1913, mantendo uma postura aceitável por várias correntes. Ela propiciou um fóro de discussão para os dois principais líderes da esquerda de Nova York, Max Eastman e Floyd Dell, do The Masses. Tratou de forma extensiva também as questões do feminismo, a intervenção americana no México, o crescimento do militarismo e o papel da Internacional Socialista durante a guerra.

New International (e New Internationalist) (1917-1918)
Foi o primeiro jornal abertamente comunista, inspirado pela ação dos bolcheviques na revolução burguesa de fevereiro de 1917 na Rússia. O jornal, editado por Louis C. Fraina, divulgava os pontos de vista da Socialist Propaganda League of America, um braço da cada vez maior tendência pró-bolchevique dentro do Partido Socialista. O jornal fundiu-se com outras publicações comunistas em 1918.

New Justice (1919-1920)
Jornal comunista revolucionário de vida curta, publicado pela organização Amigos da Revolução Russa em Los Angeles. Como muitos outros jornais e revistas que pipocaram na época dentro do seio do Partido Socialista e da IWW, ele durou menos de um ano e foi fundido com outros jornais do movimento comunista, criado em 1919.

The New Majority (1923)

The New Majority foi publicado pela Chicago Federation of Labor como orgão do Federated Farmer-Labor Party nos Estados Unidos. O partido foi tomado pelo Partido dos Trabalhadores (Comunista) e foi destruído devido a lutas intestinas entre os sindicalistas do CFL e do WP(C).

New Masses(1926-1948)
É o jornal que dá continuidade ao Workers Monthly, apresentando a mesma linha política do Partido Comunista dos EUA e de artistas que compartilhavam as ideias do Masses, do The Liberator e do Workers Monthly.

Northwest Organizer (1936-1941)
O Northwest Organizer foi publicado pelo sindicato Teamsters Joint Council em Mineápolis, de 1936 até meados de agosto de 1941. Os trotskistas que lideravam o sindicado Local 544-AFL foram a principal força por trás desta organização e do sindicato, por toda a região meio-oeste durante este período. O Local 544-AFL organizou uma ação grevista pelo vale do Mississippi e do Missouri e o jornal foi o seu principal veículo.

The Organizer (1934 – 1940)
Jornal do sindicato Teamsters Local 574 durante as Greves dos Teamsters de Mineápolis, no verão de 1934. Foi produzido, às vezes diariamente, às vezes semanalmente, em dependência da agudeza da luta de classes durante a greve no verão de 1934. Ele mostra como foram as 3 grandes greves que transformaram a cidade em, praticamente, uma união sindicalista.

The Ohio Socialist (1918 – 1920)
Jornal do Ohio Socialist Party que representou a ala esquerda do Socialist Party of the America. Refletiu as fortes posições antibélicas que a maioria da classe operária e dos imigrantes de Cleveland assumiu, transformando o jornal em uma tribuna deste sentimento em Ohio e por partes do ocidente do Meio Oeste. Em 1919 passou a apoiar o Partido Comunista Trabalhista. Fundiu-se com o jornal The Communist para se transformar no The Toiler, o principal semanário do novo movimento comunista americano.

The Revolutionary Age (1918 – 1919)
O The Revolutionary Age foi um jornal americano marxista criado por Louis C. Fraina e publicado de novembro de 1918 até agosto de 1919. Originalmente uma publicação do Partido Socialista em Boston, o jornal evoluiu para orgão nacional da ala esquerda do PS no verão de 1919. Com o estabelecimento do Left Wing National Council em junho de 1919, o jornal mudou-se de Boston para Nova York e ganhou o status de voz oficial do nascente movimento comunista americano. O jornal foi fechado em agosto de 1919, em seu lugar apareceu um novo semanário, o The Communist.

Revolutionary Age (1929 – 1932)
O Revolutionary Age foi um jornal bimestral do Communist Party (Majority Group) associado com a oposição de direita internacional, cujo "patrono era o revolucionário soviético Nikolai Bukhárin. Durou dois anos, até a fusão com o periódico Workers Age, no início de 1932.

Socialist Review (1934-1937)
Conhecida anteriormente como American Socialist Quarterly, a Socialist Review foi a revista oficial do Partido Socialista da América nos anos 1930 e 1940. O jornal refletia a tendência dominante "Militante", que era composta pelo "centro" de liderança do PSA, cujo maior líder era Norman Thomas, embora ele não fizesse oficialmente parte do círculo dirigente do partido.