Recandidatura de Evo Morales parte do povo, diz García Linera

O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, destacou, nesta quinta-feira (3), que o tema da recandidatura do presidente Evo Morales para um novo mandato parte como iniciativa das massas e não do gabinete ministerial.

Álvaro García Linera, vice-presidente da Bolívia - Théa Rodrigues/Portal Vermelho

"Este debate não surge a pedido do vice-presidente ou do gabinete, o tema de levar o presidente Morales como candidato do Movimento ao Socialismo (MAS) a uma nova reeleição parte do povo, dos movimentos sociais", disse García Linera à imprensa.

O vice-chefe de Estado citou como exemplo cada uma das atividades sociais em que tanto ele como o chefe de Estado participam nos nove departamentos do país, onde as massas pedem a modificação da Constituição Política do Estado para conseguir sua recandidatura, inclusive como binômio político.

"É uma proposta que sai da sociedade e nós somos respeitosos com esses princípios", manifestou.

A respeito, o vice-chefe de governo assinalou que há apenas um dia a bancada da Assembleia Legislativa Plurinacional começou a analisar a iniciativa.

"Não tomamos uma decisão, em breve o faremos, mas reitero, a determinação e o projeto de Lei virá dos setores sociais, não do governo. Serão os movimentos da Confederação Operária Boliviana, da Coordenadora Nacional pela Mudança (Conalcam) ou outros, os que formularão a medida", afirmou.

Sobre a possibilidade de gerar uma mudança na proposta eleitoral do MAS, García Linera recordou que o ex-presidente estadunidense Harry Truman foi eleito três vezes em seu país e jamais o acusaram de violar a democracia, então, "se o povo boliviano deseja que Evo volte a candidatar-se, há que respeitar isso", apontou.

"Acreditamos que o presidente tem direito a candidatar-se e se as pessoas o elegerem ou não é um direito soberano que o povo tem, disso se trata, de converter a iniciativa em um debate nacional para aprofundar a democracia, pois ela nasce das bases camponesas, indígenas, populares", disse.

A Conalcam quer que se abra a Constituição Política do Estado não só para permitir que Morales se apresente às eleições gerais de 2019, mas também para que possa fazer isso em qualquer outra oportunidade futura.

Este apoio popular viu-se refletido na semana passada em uma pesquisa realizada pela empresa Apoio Opinião e Mercado Ipsos.

O estudo realizado com habitantes das cidades do chamado Eixo Principal, como se conhece La Paz, Santa Cruz e Cochabamba, onde vive a maioria da população do país, mostrou que 54 por cento dos entrevistados respaldariam o presidente caso se decidisse modificar a Constituição para que aspirasse a outro mandato para além de 2020.