Plenária discute centralidade dos trabalhadores nas lutas atuais

O PCdoB de Porto Alegre realizou neste sábado, 24, a plenária de trabalhadores que compõe o processo de conferências do partido no estado, cuja etapa municipal acontece dia 14 de novembro. Com a presença do secretário nacional de Organização, Ricardo Abreu "Alemão", o evento discutiu o papel dos trabalhadores no atual cenário nacional e a necessidade de luta e resistência contra o golpe e os retrocessos defendidos pela elite conservadora.

Alemão fala sobre a conjuntura; na mesa, Assis Melo, Titi Alvares e Jussara Cony

Alemão destacou a importância da luta democrática no Brasil no âmbito da América Latina, continente que assiste, desde o começo dos anos 2000, à ascensão de governos de esquerda e progressistas. “O Brasil é o maior país do continente, importante em diversos aspectos. Se formos derrotados aqui e houver um golpe, isso pode ter repercussão regional e certamente será muito pior do que o neoliberalismo que vimos nos anos 90”, disse.

O dirigente mencionou a Operação Lava Jato como fator desestruturador dos setores de petróleo e gás e contrução. “Hoje, 12% do PIB está vinculado à área de petróleo e gás. Se eles entram, privatizam a Petrobrás e levam junto o pré-sal, uma fonte essencial de riquezas e desenvolvimento para o país”.

Do ponto de vista do trabalhador, Alemão destacou que estes setores conservadores que tentam chegar ao poder por vias não democráticas “querem diminuir salários, reduzir direitos, cortar o orçamento em áreas importantes como na saúde, previdência e programas sociais, além de buscarem a implantação da lógica do Estado mínimo, a mesma dos anos 90, altamente prejudicial aos trabalhadores”.

Para realizar seus intentos, destacou Alemão, os conservadores “estão intensificando e radicalizando na luta de classes; eles não aturam mais os nossos governos não apenas no campo econômico, mas político e das ideias”.

A fim de enfrentar esta situação com força suficiente para virar o jogo, Alemão enfatizou a necessidade de haver maior mobilização dos movimentos sociais e políticos, dos trabalhadores e do povo em geral. “Precisamos acumular forças, ir para a rua, se não, não vamos conseguir mudar esta correlação”. Neste sentido, destacou iniciativas como a Frente Brasil Popular, que “coloca no centro a luta contra o golpe e pela democracia, cuja bandeira principal neste momento é a defesa do governo Dilma”.

Por fim, Alemão enfatizou: “Eles querem é que o povo baixe a cabeça, fique na defensiva e temos de nos contrapor a isso”.

Visão sindical

Durante a plenária, o presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, colocou que a luta atual é estratégica para a manutenção de direitos adquiridos e para que outros possam ser conquistados pelos trabalhadores. “Por isso, temos de fortalecer o partido para a luta atual, especialmente junto aos trabalhadores”, disse, reforçando que “o crescimento e fortalecimento do PCdoB é essencial para a luta atual”.

A vereadora Jussara Cony saudou os trabalhadores presentes e colocou: "Hoje, mais do que nunca, temos de ter unidade com amplitude, porque ou é civilização ou é barbárie. É disso que se trata a defesa do mandato legitimamente reeleito da presidenta Dilma Rousseff".
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, Assis Melo iniciou sua fala abordando a ampliação do conceito de trabalhadores para além do perfil operário. “Temos hoje uma feroz exploração do trabalho e do conhecimento. A mais-valia não está apenas na transformação da matéria prima em produto. Por isso, temos de ir além e abarcar as mais diversas categorias de trabalhadores”, disse.

Assis colocou que “ou lutamos pelo poder político ou continuaremos sendo usados para a aferição de lucro para a classe dominante. Nossa missão estratégica é retirar o trabalhador da exploração de classe e chegar ao poder”. Neste sentido, para ele, é preciso atualmente lutar pela democracia e pelo mandato da presidenta Dilma com o objetivo de construir um novo projeto nacional de desenvolvimento.

Concluindo sua fala, Assis enfatizou: “Não nos intimidamos com essa elite golpista e temos defendido na tevê e nas ruas o mandato da presidenta. Esta elite vive da exploração, da financeirização da economia e, apoiada pela grande mídia, joga sempre contra o povo e os trabalhadores. O PCdoB está há 93 anos na trincheira de lutas pelos direitos dos trabalhadores, pelos avanços, sempre no rumo do socialismo”.

Encerrando a primeira parte da plenária, a presidenta municipal do PCdoB, Titi Alvares, colocou que “o PCdoB tem se mostrado à sociedade de maneira firme contra o golpe. Mas temos a necessidade de nos enraizarmos em Porto Alegre porque este período de transição poderá levar a algo novo, de maneira que é importante sairmos mais fortalecidos deste processo e os trabalhadores são estratégicos nesta construção”.

A plenária contou ainda com palestra da advogada Mara Loguercio, que abordou o como o neoliberalismo incide sobre o trabalhador e com a intervenção dos trabalhadores e sindicalistas presentes.

(PL)