Brasil precisa continuar trilhando o caminho da democracia, diz Dilma
Durante discurso na cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural com a participação de diversas personalidades e instituições, no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff disse que o país passa por um momento “especial” e que o desafio é “continuar trilhando o caminho da democracia”.
Publicado 10/11/2015 10:17
“Nós, brasileiras e brasileiros, vivemos sem dúvida um momento especial. Estamos diante da tarefa de continuar trilhando o caminho da democracia, da tolerância, do respeito às diferenças, da convivência democrática e solidária”, afirmou.
A Ordem do Mérito Cultural é entregue anualmente a pessoas e entidades que contribuíram para o desenvolvimento da identidade cultural do país em segmentos como música, audiovisual, moda, artes plásticas, literatura, gastronomia, culturas populares e tradicionais.
Este ano, na 21ª edição do evento, foram agraciados, dentre outros, os músicos Arnaldo Antunes, Daniela Mercury, Rolando Boldrin e Marcelo Yuka, o cineasta Walter Carvalho, o maestro Adylson Godoy, o escritor Rui Mourão, o fotógrafo Luís Humberto e o mestre de capoeira João Grande.
De acordo com a presidenta, todos os homenageados merecem “o nosso aplauso e nosso agradecimento”. “Falam com a alma e fazem a alma da nossa nacionalidade. São todos à sua maneira, cada um, tradutores dos símbolos, sentidos, crenças, necessidades, utopias, defeitos e características do povo brasileiro. Vocês representam melhor nossa tradição e nossa vanguarda”, disse.
Sobre o homenageado especial Augusto de Campos, poeta paulista e criador, ao lado do irmão, Haroldo de Campos, e de Décio Pignatari, do movimento nacional de poesia concreta, na década de 1950, a presidenta Dilma classificou como um “exemplar de riqueza de nossa produção cultural”.
“Fundador, junto com Haroldo de Campos e Décio Pignatari, do movimento da poesia concreta no Brasil, Augusto de Campos antecipou o moderno, foi além dele, teorizou e poetizou o mundo. Desenhou poemas, fez tradução criativa, teve poemas musicados, outros poemas pintados. Tudo coerente com a dimensão verbal, visual, pictórica da escrita. Para nossa imensa alegria, a maioria dos laureados continua em plena atividade, enriquecendo a cultura brasileira”, enfatizou a presidenta.
Augusto de Campos se emocionou ao receber a comenda e comentou. “Fico naturalmente muito grato e honrado com a atribuição da Ordem do Mérito Cultural e especialmente pelo fato de ter sido escolhido como homenageado”. Ao todo, 32 condecorações foram entregues.
Campos também prestou o que chamou de “gesto cívico” à presidenta, que enfrenta tentativas de manobras golpistas. Ele afirmou que sempre a viu como “heroína na luta pela democracia nos abomináveis tempos da ditadura”.
Sob o aplauso dos presentes, o artista disse que a vê “neste momento resistir com a mesma firmeza e coragem àqueles que tensionam ingloriamente mal ferir a integralidade das nossas instituições democráticas”.
Representante da Articulação dos Povos Indígenas, a índia Sônia Guajajara, que tem atuado em Brasília em mobilizações em favor dos direitos dos índios, e a Mãe Beth de Oxum, pelo trabalho de valorização das matrizes africanas, também foram homenageadas.