Quase encerrada, greve dos petroleiros marca defesa da Petrobras

Depois de quase 20 dias de greve da categoria em todo o Brasil, a expectativa na Federação Única dos Petroleiros (FUP) é que até o final da próxima semana seja realizado um grande ato de assinatura dos acordos coletivos. Feito isso, iniciam em 60 dias os estudos do grupo de trabalho paritário, envolvendo estatal e trabalhadores, sobre a Pauta Brasil.

Por Railídia Carvalho

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“O grupo paritário foi a grande vitória. Os trabalhadores estão na disputa pelos rumos da Petrobras”, ressaltou Divanilton Pereira, dirigente nacional da FUP. Para ele, foi fundamental o equilíbrio demonstrado pelos dirigentes sindicais para levar adiante uma iniciativa que terá desdobramentos na economia nacional.

A Pauta Brasil, como foi nomeado o tema pelos trabalhadores, defende pontos como a suspensão da venda de ativos, preservação da política de conteúdo nacional, garantia de exploração do pré-sal pela própria Petrobras e implementação de uma nova política de saúde e segurança. “Foi um movimento em defesa do Brasil”, definiu o dirigente sindical.

Mesmo a ocorrência de medidas repressoras e intimidatórias como prisões e bloqueio de contas dos sindicatos não impediram que 70% dos trabalhadores da área operacional aderissem à greve. Segundo Divanilton, cerca de 40% do setor administrativo também se juntou ao movimento. “A greve conseguiu atingir ¼ da produção da Petrobras, que é de aproximadamente 2 milhões de barris/dia”, informou.

Os excessos cometidos durante a greve serão apurados pelo Ministério Público Federal nos estados em que aconteceram. Práticas antissindicais, como prisões de dirigentes e bloqueio de contas dos sindicatos, aconteceram em diversos estados. A garantia da apuração foi acordada em reunião realizada nesta terça-feira (17) entre FUP e Ministério Público Federal.

Na opinião de Divanilton, a força da categoria assegurou ainda os acordos coletivos intactos. “Neste momento de crise não foi retirado nenhum direito já adquirido pelo trabalhador”, lembrou. Segundo ele, a estatal também concordou em colocar em discussão a negociação dos dias parados. Em matéria no site da FUP a entidade orienta que os trabalhadores  “não devem assinar nada relativo à compensação e/ou desconto dos dias parados, enquanto esses pontos ainda estiverem sob discussão”.

Com a expectativa de que o grupo paritário comece a se reunir a partir de dezembro, a FUP pretende ampliar o diálogo e acrescentar mais contribuições ao debate sobre o papel a Petrobras na retomada do crescimento do país. “Vamos realizar audiências públicas para mobilizar o empresariado, movimentos sindicais e sociais, governos e todos os interessados em recuperar a atuação da Petrobras como um patrimônio do Brasil.”