Economistas pedem em documento superação da agenda restritiva 

“A nossa República vive um momento grave de litígio e divórcio entre os três Poderes, deixando uma orfandade muito grande na democracia. A instabilidade e esta ruptura exigem que repensemos o modelo para a construção e a viabilização das mudanças econômicas tão fundamentais e de resistência política à ofensiva ultraliberal para garantirmos a manutenção do mandato da presidenta Dilma Rousseff.” 

Economistas pedem em documento superação da agenda restritiva - Ass. Dep. Jô Moraes

A avaliação é da deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), no discurso na solenidade de lançamento do documento “Por um Brasil Justo e Democrático”, que reuniu autores do estudo, liderados pelo economista Márcio Pochmann, parlamentares, secretários de Estado, vereadores, representantes de movimentos sociais e demais convidados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na noite desta segunda-feira (30).

O documento “Por Um Brasil Justo e Democrático”, apresentado na última sexta-feira (27), quer se contrapor ao ajuste fiscal regressivo em curso no país, com consensos em torno de um projeto político baseado no desenvolvimento nacional. O presidente da Fundação Perseu Abramo – uma das entidades que ajudaram na elaboração do documento –, Marcio Pochmann, destacou que os textos apontam para a necessidade da estabilização da economia e a reindustrialização do país

“O ajuste macroeconômico que nunca se completa, que exige permanentes reformas e sacrifícios inócuos dos menos favorecidos, produz e reproduz um padrão de baixo crescimento, subordina as política econômicas e sociais à lógica dos mercados financeiros globalizados, dilapidando o Estado, sem alcançar seus objetivos iniciais anunciados de recuperar as finanças públicas”, avalia Pochmann.

Os dois cadernos, “Mudar para sair da crise – Alternativas para o Brasil voltar a crescer (Vol. I)” e “O Brasil que queremos – Subsídios para um projeto de desenvolvimento nacional (Vol. II)”, que compõem o documento, apresentam ampla reflexão desenvolvida nos últimos anos pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, Rede Desenvolvimentista, Brasil Debate e Plataforma Política Social e Fundação Perseu Abramo, além de outras organizações da sociedade civil, dentre as quais o Le Monde Diplomatique Brasil e o Fórum 21.

Desses encontros participaram inúmeros acadêmicos, cientistas, intelectuais, lideranças políticas e representantes dos movimentos sociais que, preocupados com os riscos da atual política econômica e social, procuraram sistematizar caminhos alternativos para o Brasil retomar a rota do desenvolvimento com justiça social.

Apoios

A líder do PCdoB na Câmara Federal, deputada Jandira Feghali (RJ), que no Congresso Nacional defende a necessidade de superar a agenda restritiva, ficou animada com o lançamento do documento e afirmou a necessidade de uma unidade política em torno da defesa do estado democrático de direito e do governo eleito nas urnas.

Para o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Vitor Guimarães, este documento vem em um momento onde o debate sobre público e privado esta evidente. “De um lado estão os que defendem o mercado e sua expropriação, e do outro a do público e da distribuição igualitária. Por isso, apoiamos este documento que é contra o ataque aos direitos dos cidadãos brasileiros.”

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil de Minas Gerais (CTB-MG), Marcelino Rocha, não poupou críticas ao momento político e econômico onde a direita e as empresas se aproveitam para criar instabilidade, demitir, reduzir salários e confiscar direitos. Ele também denunciou o recrudescimento das agressões contra os trabalhadores nas empresas, especialmente por parte da Polícia Militar.