Com elogios a Temer, Gilmar diz que não crê em pedido de vistas

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse nesta sexta (11) que a decisão sobre a tramitação do pedido de impeachment deve ser rápida. “Acho que o tribunal está consciente do momento delicado pelo qual estamos passando. Não acredito que haverá pedido de vistas. Porque todos percebem que há uma necessidade que esse tema seja encaminhado em um ou outro sentido”, declarou após aula inaugural do Instituto de Direito Público em São Paulo.

Gilmar Mendes é ministro do STF

O evento contou com a presença do vice-presidente Michel Temer, que compareceu a convite de Gilmar. Depois da atividade, o ministro também disse, como já havia afirmado nesta quinta-feira, que o STF deve ter “cautela” ao interferir no processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que acontece no Congresso.

E voltou a defender que seja mantido o rito estabelecido para o processo de afastamento do ex-presidente Fernando Collor. “Eu acredito que mudanças radicais – a ideia de que se sairia um código de impeachment – parecem incompatíveis com o que o Supremo já disse naquele caso, que é emblemático, que é um impeachment que foi levado a cabo. Agora, poderá ocorrer uma ou outra mudança”, ressaltou.

O STF deve decidir, na próxima quarta-feira (16), a validade da Lei 1.079/50, que regulamentou as normas de processo e julgamento do impeachment. A legalidade da norma foi questionada pelo PCdoB, que conseguiu na Corte uma liminar do ministro Edson Fachin para suspender a tramitação do impeachment até decisão do tribunal.

Imparcialidade?

Indagado a respeito do pedido de impeachment contra Temer, pelas mesmas razões do pedido contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) – as chamadas pedaladas fiscais –, Mendes afirmou que este é um tema que já está sob análise do parlamento. “Essa é uma questão política e cabe às duas casas do Congresso – Câmara e Senado – decidirem.”

O ministro, a princípio, disse que não comentaria a hipótese de Temer vir a assumir a Presidência da República, alegando que não fala com base em “se”. Em seguida, contudo, expôs a sua visão sobre o vice, tecendo elogios.

“Não vou emitir esse juízo dessa forma, acredito que Michel Temer é um grande nome para as funções que exerce e certamente seria um bom presidente da República, é um dos homens mais qualificados que nós temos”, declarou.