Morre no Ceará a militante comunista Tânia Gurjão Farias

Após 40 dias enfrentando uma infecção, morreu na manhã deste sábado (16/01), Tânia Gurjão Farias, lutadora das causas populares e da democracia. Mais que irmã de Bergson Gurjão Farias, guerrilheiro morto em combate na Guerrilha do Araguaia, Tânia superou a dor da perda e transformou a sua vida, ao lado da família, na luta pelo resgate da memória e da identificação do irmão.

Tânia Gurjão

Benedito Bizerril, vice-presidente estadual do PCdoB-CE, amigo e militante contemporâneo de Bergson e das irmãs Ielnia e Tânia, lamenta a perda da amiga. “Sua vida se confunde com a luta por mais justiça social e por democracia. Por muitos anos, lutou para trazer os restos mortais do irmão, história que marcou a trajetória de toda a família. Com o tempo, ainda mais integrada ao PCdoB, filiou-se ao Partido. Sempre dedicada, integrou-se às nossas atividades e ganhou a admiração de todos que tiveram a honra de conhecê-la. É, sem dúvidas, uma grande perda”.

Amigo da família, o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE) também recebeu com pesar a notícia da partida de Tânia. “Lamentamos profundamente a sua morte. Tânia teve grande participação para que seu o irmão, Bergson, fosse identificado e sepultado aqui. Ela sempre teve uma postura intransigente na defesa dos direitos humanos, passou por tanta coisa e disse a que veio. Certamente deixará muita saudade, mas acima de tudo o exemplo de estar ao nosso lado nos bons momentos e nos difíceis também”.

Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), dirigente nacional do PCdoB e amigo pessoal de Bergson e de toda a família, destacou a trajetória de luta de Tânia. “Recebo com tristeza esta notícia. A vida dela pode ser resumida numa palavra: luta. Desde a juventude, contra a ditadura, para resgatar a memória do irmão, para trazê-lo para o Ceará e até o final da sua vida, ao longo de mais de 40 dias num leito hospitalar”.

Patinhas recorda com emoção o dia em que foram trazidos os restos mortais de Bergson, quando, ao lado de toda a família, foram feitas inúmeras homenagens ao guerrilheiro cearense. “Estávamos todos lá para abraçá-los e demonstrar nosso carinho, respeito e admiração”.

O amigo ratifica que toda a militância comunista solidariza-se com a família. “Não só Tânia e Bergson, mas Ielnia, Gessiner Júnior e Dona Luíza, contribuíram muito com nosso Partido. Neste momento de dor e de saudade, estamos unidos rendendo homenagens a esta guerreira que, consciente da luta do PCdoB, teve a vida dedicada à democracia, por um Brasil melhor. O sentimento é de gratidão por ter convivido com esta família tão especial e com Tânia, exemplo de luta”.

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Na cerimônia de sepultamento do irmão, em 2009, Tânia agradeceu o carinho de todos. Emocionada diante de tantas manifestações de apoio e das homenagens prestadas ao irmão, afirmou: “Amo todos vocês porque vocês amam meu irmão. Ele que só deixou bondade, não poderia receber outra coisa que não tanto carinho”.

Em 2014, Tânia Gurjão Farias filiou-se ao PCdoB. “Resolvi me filiar agora porque acho que ainda tenho tempo de ajudar. Quero compensar de alguma forma o que Bergson quis e não pode fazer pelo PCdoB. E ainda vai ser pouco”.

O velório será a partir das 8h do domingo (17/01), na funerária Ethernus (R. Padre Valdevino, 1688 – Aldeota), com missa a partir de das 14h30. Em seguida, o corpo seguirá para o cemitério Parque da Paz, onde será sepultado às 16h.