Macri ameaça a democracia e a esquerda tenta garantir direitos

Desde a prisão da dirigente indígena Milagro Sala, no sábado (16) no departamento de Jujuy na Argentina, os movimentos sociais de esquerda têm promovido uma série de manifestações. A pauta é a libertação imediata de Milagro, que além de fundadora da organização social Tupac Amaru, é deputada do Parlasul.

manifestação em Buenos Aires - Jonathan Thea

Quanto os movimentos sociais se organizam, Macri emite um decreto atrás do outro, muitos ferindo a Constituição, e aumenta a repressão. A Confederação de Trabalhadores da Economia Popular da Argentina (CTEP), denunciou nesta quarta-feira (27) que todas as organizações sociais acampadas na Praça de Maio, em Buenos Aires, como forma de protesto pela prisão de Milagro sofreram ameaça de despejo.

Segundo um comunicado oficial emitido pela CTEP, logo que a praça foi ocupada chegou uma ordem de despejo e os manifestantes foram rodeados pela polícia civil.

“O acampamento é uma maneira pacífica de se manifestar, além do mais, é feito em uma praça pública que é um lugar histórico onde o povo argentino dá voz às suas reclamações. Não estamos aqui só por Milagro, estamos aqui contra todas as tentativas de avanço das políticas neoliberais, em defesa dos nossos direitos e dos trabalhadores demitidos, denunciamos o ajuste e a perseguição contra os que lutam”, diz o comunicado.

A repercussão do caso Milagro Sala

Milagro Sala foi acusada de “fechar vias” e “perturbar a ordem” por ser a líder da comunidade Tupac Amaru que ocupou a praça pública em frente ao palácio do governo de Jujuy para exigir uma audiência com o governador. Agora ela é a primeira presa política da Argentina de Macri.

A prisão arbitrária de Milagro causou revolta não só na Argentina. Os parlamentares progressistas do Parlasul emitiram uma nota de repúdio imediatamente após a prisão da líder indígena e o presidente do organismo, Jorge Taiana, têm movido recursos oficias para exibir a libertação da colega de bancada.

Organizações sociais de várias partes do mundo firmaram um documento oficial, emitido desde Madri, na Espanha, rechaçando as ações abusivas do presidente Maurício Macri em seu primeiro mês de mandato, entre elas, a prisão de Milagro.

“Queremos fazer chegar ao presidente da nação Argentina, Dom Mauricio Macri, nossa preocupação e consternação pela detenção de Milagro Sala, deputada do Mercosul e reconhecida dirigente da organização Tupac Amaru, e nossa exigência, compartilhara com centenas de organizações sociais e de direitos humanos da Argentina e de distintos lugares do mundo, que recupere a liberdade imediatamente”.


O autor da imagem, Diego Pelayo, denuncia em sua conta oficinal no Twitter a repressão policial na Praça de Maio

No documento, as organizações sociais também condenam o “desmantelamento de organismos vinculados às políticas de Memória, Verdade e Justiça e demissão massiva de trabalhadores”. Isso porque, desde que tomou posse, em 10 de dezembro passado, Macri já demitiu mais de 24 mil funcionários públicos, entre eles muitos advogados e outros cargos responsáveis pela materialização das políticas públicas de memória, verdade, justiça e reparação sobre a ditadura militar.

“Portanto exigimos ao governo e às autoridades competentes da República Argentina: imediata libertação de Milagro Sala; reincorporação de todas as pessoas demitidas nos distintos organismos e dependências relacionadas com o programa de Memória, Verdade e Justiça; Continuidade e fortalecimento das políticas púbicas destinadas à memória permanente do genocídio cometido contra o povo argentino e o julgamento de seus responsáveis; designação do presidente do Arquivo Nacional da Memória com o acordo e consenso dos organismos argentinos de direitos humanos e, por fim, manter e aprofundar as conquistas obtidas pela sociedade argentina e fomentar a proteção aos direitos humanos.

Solidariedade desde o Paraguai

A coalizão de partidos de esquerda o Paraguai, Frente Guaçu, presidida pelo senador Fernando Lugo, também emitiu um comunicado onde expressa solidariedade à Milagro Sala e ao povo argentino e rechaça as arbitrariedades do governo de Maurício Macri.

“A Frente Guasu não pode ficar indiferente diante das demissões em massa e dos abusos sob os quais estão submetidos os irmãos argentinos com um governo que vai contra o vento e nada contra a maré, se contrapondo a todos os princípios de igualde e justiça e com urgência esmagadora de correr contra o relógio em uma frenética corrida revanchista para voltar ao passado que já causou estragos na Argentina e em todo o continente sob os mandatos neoliberais”.

Com vocação “solidária e latino-americanista” a Frente Guasu expressa sua solidariedade com a luta do povo argentino contra a contra-ofensiva neoliberalista encabeçada por Macri.