ONU critica retirada de perspectivas de gênero de Medida Provisória
A ONU Mulheres publicou nota nesta semana criticando a postura do Legislativo brasileiro, que retirou da Medida Provisória (MP 696/2015) um trecho do texto-base que se referia à incorporação da perspectiva de gênero na promoção de políticas de igualdade, como função do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Deputados da bancada evangélica afirmaram que tal conteúdo “feria a família tradicional”.
Publicado 27/02/2016 12:04

“A ONU Mulheres Brasil observa com extrema preocupação as propostas de mudanças na legislação brasileira que depõem contra os direitos das mulheres, conquistados no Brasil e consagrados no arcabouço internacional”, afirma a nota. Junto com o posicionamento da entidade está a bancada de esquerda da Câmara. Na ocasião, no último dia 18, o deputado Ivan Valente (Psol-SP) levantou-se contra o retrocesso, comparando a atitude com o regime político religioso do Irã.
A nota recorda que a ONU iniciou a implementação da Agenda 2030, um conjunto de objetivos de desenvolvimento sustentável que, dos seus 17 artigos, 12 correspondem à perspectiva de igualdade de gênero. “É notório o teor retrógrado que tais propostas legislativas posicionam o Parlamento brasileiro, dissociando-se dos esforços mundiais para eliminar todas as formas de discriminação”, afirma.
A entidade ressalta que o país necessita de tais medidas afirmativas para combater uma “estrutural desigualdade de gênero existente na sociedade brasileira, que vulnerabiliza a vida de 51% da população brasileira formada por mulheres”. A ONU mulheres ainda destaca que desde a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SEPM), vinculada ao Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, em 2003, o Brasil vem liderando avanços no campo do empoderamento feminino nas Américas.
Leia abaixo a íntegra da nota:
A ONU Mulheres Brasil observa com extrema preocupação as propostas de mudanças na legislação brasileira que depõem contra os direitos das mulheres, conquistados no Brasil e consagrados no acarbouço internacional. No momento em que os Estados-membros das Nações Unidas iniciaram a implementação da Agenda 2030, que inclui o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 – onde 12 transversalizam a perspectiva de gênero – é notório o teor retrógrado que tais propostas legislativas posicionam o Parlamento brasileiro, dissociando-se dos esforços mundiais para eliminar todas as formas de discriminação.
A ONU Mulheres rechaça a tentativa de retirada da atribuição da perspectiva de gênero da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SEPM) do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos devido à estrutural desigualdade de gênero existente na sociedade brasileira, que vulnerabiliza a vida de 51% da população brasileira formada por mulheres. A SEPM é reconhecida por sua liderança no avanço dos direitos das mulheres nas Américas e na formulação de políticas de empoderamento das mulheres, em curso desde a sua criação, em 2003, no governo brasileiro.
Por fim, alertamos que a paridade de gênero é um dos princípios para as transformações urgentes e concretas que a humanidade necessita, instaurando a equidade como valor máximo para as relações humanas, políticas, econômicas e sociais, a exemplo do que propõe a iniciativa global “Por um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero”, liderada pela ONU Mulheres.