Carina Vitral acusa "arbitrariedade" do MP: "Democracia está em risco"

“É uma clara arbitrariedade”. Assim a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, definiu o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com ela, “sem critério”, a solicitação do Ministério Público de São Paulo expõe a “partidarização” da instituição. Para a líder estudantil, os movimentos sociais devem se mobilizar para defender a democracia. “O que está em risco é o pacto de 1988”, alertou.

Carina Vitral

Em entrevista ao Portal Vermelho nesta sexta (11), Carina somou-se a juristas, políticos e integrantes dos movimentos sociais que questionam os argumentos utilizados no pedido de prisão e apontam motivação política.

“É uma ilegalidade. Os motivos elencados demostram clara conotação política. O principal argumento que eles usam é a força do Lula em convocar manifestações para defendê-lo. Eles chamam de violência, masna verdade é luta política. É a capacidade de ter base social para defender essa liderança. Então [o pedido de prisão] é algo totalmente sem critério, e o Ministério público só revela assim que é partidarizado e é parcial”, disse.

Entre as alegações, os promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo, do Ministério Público de São Paulo, afirmam que Lula "se vale de sua força político-partidária para movimentar grupos de pessoas que promovem tumultos e confusões generalizadas, com agressões a outras pessoas, com evidente cunho de tentar blindá-lo do alvo de investigações e de eventuais processos criminais, trazendo verdadeiro caos para o tão sofrido povo brasileiro."

Classificada como “absurda” e “partidária” por vários juristas, a peça do MP-SP defende ainda que “os motivos são suficientes a permitir a conclusão de que movimentará ele [Lula] toda a sua ‘rede’ violenta de apoio para evitar que o processo crime que se inicia com a presente denúncia não tenha seu curso natural”.

Para Carina, o Ministério Público, ao assumir postura tão partidarizada, deixa de cumprir um papel que deveria ser relevante no atual momento da política nacional. “Numa sociedade polarizada politicamente como a nossa está, era preciso que as instituições se mantivessem neutras, exatamente para mediar esse conflito que existe. Como as instituições tomam lado, acaba toda a seriedade nesse momento político”, avaliou.

A estudante ressaltou que a UNE, que teve destacado papel no combate à ditadura, estará nas ruas, nos dias 18 e 31, para defender a democracia. “O papel dos movimentos sociais é estar do lado da democracia. Não se trata desta ou daquela figura política. O que está em jogo aqui são as instituições. A nossa democracia está colocada em risco. A UNE continuará defendendo a democracia, como sempre fez, desde a ditadura militar, na Constituinte. E é esse pacto de 1988 que está em risco”, alertou.