Rosemberg Cariry: Digamos sim à vida e à liberdade

Por *Rosemberg Cariry

Rosemberg Cariry

Cresce a crise política, fabricada noite e dia, incansavelmente, por uma ação articulada e golpista dos que querem de volta o poder de qualquer jeito. O que fazem? As elites e a mídia hegemônica concentram todos os males do nosso País em um único homem (Lula), transformando-o em um “bode expiatório” e, no cúmulo da irracionalidade e da perversidade, preparam o altar sacrificial para mostrar que um homem vindo do povo brasileiro, que conquistou respeito mundial como estadista, é um criminoso; então, esse homem (e simbolicamente o povo que ele representa) deve ser destruído.

Seria cômico se não fosse trágico. Afinal, o que dizer de um impeachment contra uma alegada corrupção da presidente da República (acusações não comprovadas), legitimamente eleita pelo povo soberano, articulada por políticos tidos e havidos como corruptos? O que esperar, no Congresso, dessa chamada bancada do “do boi, da bala e da bíblia”? Vindo o impeachment, será que acreditam mesmo que o País estará pacificado? O mais provável é que estejamos diante de uma ferida de sangria contínua e de consequências graves.

Insuflado pela direita, o ódio está nas ruas e o que este País menos precisa é de uma guerra civil, porque são muitas as nações ricas de olhos em nossos tesouros naturais e incontáveis são as fábricas de armas ávidas por clientes. É preciso cuidado, muito cuidado! Senão, dentro de pouco tempo, estaremos chorando sobre as ruínas das nossas casas e vendo as levas de refugiados se afogarem no mar. Será esse o tempo dos grandes conglomerados econômicos, junto com a elite brasileira (sempre aliada e capacho dos interesses estrangeiros), tomarem posse da Petrobras, do pré-sal, das terras férteis, dos mananciais de água, das florestas, dos minérios raros.

As forças hegemônicas do Ocidente (Estados Unidos e Comunidade Europeia), inconformadas com o surgimento de um novo e ameaçador bloco econômico, jogam uma cartada perigosa contra os chamados Brics e repartem entre si o mundo para o repasto e o saque futuro. Precisamos compreender que há um mundo que se desfaz em suas arrogâncias e certezas, há uma crise civilizatória de um modelo economicista e predatório, que, depois de tudo devorar, se esgota.

Vivemos a agonia de uma civilização, de um modelo violento e injusto e precisamos parir o novo como possibilidade única de justiça social, de igualitarismo e de coabitação fecunda e pacífica entre os povos.

Sim, também irei para as ruas, não para pregar o ódio e a morte, mas para dizer sim ao Brasil, sim ao povo brasileiro e sim à vida como dádiva, como conquista e como construção do humano no homem. Não ao golpe!


*Rosemberg Cariry é cineasta e escritor


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