Vanessa elogia demissão de procurador corrupto e espancador 

Em pronunciamento nesta sexta-feira (8), em Plenário, a procuradora da Mulher no Senado, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) elogiou a decisão do Conselho Nacional do Ministério Público de determinar a demissão do procurador da República Douglas Kirchner. O procurador é acusado de ter mantido sua ex-mulher em cárcere privado, sem alimentação e sob constantes humilhações e agressões, em 2014, sob influência de uma religião evangélica.  

Vanessa elogia demissão de procurador corrupto e espancador

O colegiado decidiu por unanimidade condená-lo pela prática de "incontinência pública e escandalosa", o que comprometeria a dignidade do Ministério Público da União.

Vanessa questionou também a conduta profissional de Kirchner. Segundo a senadora, “este agora demitido procurador fazia parte da equipe responsável pela investigação que analisa a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a suspeita de prática de tráfico de influência em favor da Odebrecht no caso do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

Os advogados do ex-presidente atestam que Douglas Kirchner negava informações ao próprio Lula, mas por outro lado repassava de forma criminosa informações referentes ao caso que corria em segredo de Justiça para a revista semanal Época. Vanessa destacou ainda que a advogada do procurador é Janaína Paschoal — uma das autoras do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

“Portanto, fecha-se o círculo e ficam claros os critérios de subjetividade, suspeição e, por que não dizer, de falta de responsabilidade com os quais o ex-procurador atuou na condução do caso de investigação relativo ao ex-presidente Lula”, avaliou a parlamentar.

E elogiou a decisão do Conselho do Ministério Público Federal, “que representa a necessária atitude de justiça que deve permear a conduta de órgãos públicos, na pessoa de seus servidores, ao lado de cidadãs e cidadãos, em favor da compreensão da importância de lutar todos os dias contra a exacerbação dos poderes e colocar um freio na ânsia insana de certos servidores que, investidos de poder discricionário como é o caso deste ex-procurador e agressor, possam vir a extrapolar o alcance de suas decisões, fazendo vítimas e provocando resultados deletérios à sociedade em desfavor e prejuízo do amadurecimento do estado democrático de direito.”

Maus tratos e humilhações

De acordo com a portaria do Conselho Nacional do Ministério Público, Douglas Kirchner e Eunice Batista Pitaluga, pastora da Igreja Evangélica Hadar, em Rondônia, ofenderam a integridade corporal e a saúde da esposa do procurador, Tamires Souza Alexandre, além de terem privado a liberdade dela por meio de cárcere, que resultou em sofrimento moral à vítima. De acordo com a assessoria de comunicação do órgão, as agressões e o cárcere aconteceram entre fevereiro e julho de 2014.

O caso que foi denunciado por meio de boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente da cidade de Porto Velho, em Roraima, aponta que a igreja Evangélica Hadar, da qual faz parte o até então procurador, explora crianças e adolescentes, obrigando-os a exercer trabalhos durante altas horas da madrugada, quando os menores são ordenados a vender sanduiches em vias públicas da capital em benefício da igreja e também a realizar serviços de faxina no templo.