Eleições no Peru,neste domingo (10), tem disputa acirrada

Segundo dados do Instituto Datum, divulgados no dia 2 de abril, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), aparece na liderança com 36,1% das intenções de voto. Em seguida há um empate técnico entre o economista Pedro Pablo Kuczynski (do “Peruanos por el Kambio”), com 16%, e a candidata de setores de esquerda Verónika Mendoza, da Frente Ampla, com 14,8%. Já 15,5% do eleitorado votariam nulo ou em branco.    

Eleições no Peru eleitores rejeitam Keiko Fujimori - Agência Efe
Para vencer no primeiro turno o candidato tem que ter mais de 50% dos votos. Se isso não ocorrer, os dois mais votados irão para o segundo turno em 5 de junho. O novo mandatário assumirá em 28 de julho.
 
Esta será a quarta eleição desde a redemocratização do país nos anos 2000, depois do período ditatorial imposto pelo ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000). Além do novo mandatário, os cerca de 30 milhões de habitantes da nação andina terão, no período 2016-2021, novos vice-presidente, 130 representantes do parlamento nacional e 15 representantes do Parlamento Andino (órgão deliberativo da Comunidade Andina formada por Peru, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela).
 
Keiko tenta se desvincular de 'Fujimorismo'
 
Líder nas pesquisas, a congressista Keiko Fujimori, de 40 anos, tenta dissociar sua imagem à de seu pai Alberto, condenado a 25 anos de prisão por crimes de lesa humanidade. No entanto, grande parte do apoio da candidata vem justamente de setores fujimoristas.
 
Grande parte do apoio de Keiko Fujimori vem justamente de setores que apoiavam seu pai, o ex-presidente Alberto Fujimori 
Esta é a segunda eleição presidencial em que a candidata do Partido Força Popular concorre. Em 2011, ela foi a segunda colocada na disputa que levou Ollanta Humala ao posto de chefe do Executivo.
Keiko, porém, enfrenta forte resistência, sobretudo de movimentos sociais, que consideram que sua eleição significaria um retrocesso e um retorno ao fujimorismo. Organizações populares lembram que, sob o comando de seu pai, o Peru viveu um de seus períodos mais difíceis, com denúncias de corrupção, violação de direitos humanos e abertura do país ao capital estrangeiro.
Diferentemente dos concorrentes, cujos discursos e apoios estão centrados na economia de mercado, Verónika tem colocado mais ênfase também em questões sociais. Além do aumento do salário mínimo e da garantia de recursos a microempresários, sua pauta inclui a criação de leis contra a violência de gênero e a defesa de vítimas de esterilizações forçadas durante a ditadura de Fujimori. 
Sua candidatura chama atenção também pela ascenção nas pesquisas de intenções de voto nos últimos meses, que ocorreu principalmente no interior do país e na zona rural. Em outubro de 2015, Verónika não reunia 2% das intenções, segundo pesquisas. Na última sexta-feira (08/04), tinha 14,8%. 
PPK, o 'Gringo'
Outro candidato é o economista Pedro Pablo Kuczynski, de 77 anos, que usa as iniciais do seu nome (PPK) para dar nome ao partido "Peruanos por el Kambio". Ex-funcionário do Banco Mundial e ex-ministro de Economia de Minas e Energia em 2001, PPK é identificado com setores empresariais estrangeiros. De pai alemão e mãe franco-suíça, tem dupla cidadania e foi educado na Europa e nos Estados Unidos, o que lhe rendeu o apelido de “Gringo”.
PPK tenta se desvincular dessa imagem para se aproximar dos setores populares. Diz que, apesar de sua origem e seus laços, conhece “muito bem” o Peru. Segundo ele, hoje no país sul-americano é preciso resolver três problemas principais, que seriam segurança, economia “freada” e falta de investimento social. 
No encerramento de sua campanha na quinta-feira (07/04) em Cuzco, pediu aos eleitores que não votem "nos extremos", em referência a Keiko e Verónika.
Campanha conturbada
Dezenove candidatos começaram a disputa pela Presidência do país andino, mas apenas dez chegam ao primeiro turno devido a renúncias e exclusões que marcaram a campanha eleitoral.
Os casos mais famosos foram os de Júlio Guzmán, cassado por irregularidades burocráticas na formação de sua chapa, e o ex-prefeito de Trujillo, Cesar Acuña, por compra de votos. Eles eram terceiro e quarto colocados na disputa e, juntos, reuniam cerca de um quarto das intenções de voto do país.
 
Já o governista Daniel Urresti foi retirado da campanha em março para preservar o Partido Nacionalista, do atual mandatário Ollanta Humala. No Peru, uma sigla pode perder seu direito de inscrição se o candidato que a representa obtiver menos de 5% dos votos.
 
Keiko e PPK também foram acusados de entregar presentes e dinheiro a eleitores, mas a Justiça negou os pedidos de exclusão de suas candidaturas, apesar de protestos de organizações populares.