FBP: Lutar contra o golpe é defender conquistas de várias gerações 

A ala jovem da Frente Brasil Popular que reúne dezenas de entidades do movimento social brasileiro divulgou um manifesto que faz uma leitura crítica sobre a política atual e ressalta as principais preocupações em relação ao governo Temer. "O que está em jogo para nós são direitos tão básicos, que muitos não acreditam ser possível perder, porque já crescemos com eles", diz o texto do manifesto.  

Juventude contra o golpe :Os irmãos Ulisses e Ligia Franco, 17 e 19 anos - Railídia Carvalho
Manifesto dos Jovens da Frente Brasil Popular
Estamos aqui para dialogar com a nossa geração. Uma geração que tem lembranças do que era o Brasil dos anos 80 e 90, mas viveu maior parte da sua vida nos anos 2000. Geração que, em sua grande maioria, aprendeu que política é para os outros e terceirizou a luta na crença de que alguém, como em um toque de mágica, iria resolver todos os problemas e garantir nossos direitos.
 
Nós, jovens dos movimentos sociais que compõem a Frente Brasil Popular, estamos aqui para conversar com vocês. Cada um de nós tem suas criticas e leitura de como viemos parar nesse momento, mas isso só nós faz querer ir para dentro dos movimentos. Na política não há espaço vazio. Se nós não fizermos, alguém vai fazer por nós e vamos continuar nos queixando de que não temos espaço nas instituições.
Estamos em um momento de mudança, onde os diretos que muitos acreditam ser impossível perder, estão sim em risco. Para nós que crescemos depois da constituição de 88, defender a democracia pode parecer abstrato, mas essa foi uma conquista concreta pela qual muitos deram suas vidas.
 
Democracia quer dizer participação de todas e todos, independente da orientação sexual, do nível de escolaridade, da religião, da classe social, da raça ou etnia. Temos o direito de exercer nossas individualidades e participar de todos os espaços público e privado.
 
Nos últimos anos, muitos começaram a ter acesso a espaços antes inimagináveis, como uma simples viagem de avião, estudar em uma universidade, ou ter uma mulher na presidência do pais.
Isso assusta aos que sempre monopolizaram o poder. Aqueles que nunca gostaram de dividir sequer a areia da praia com o povo da “farofada” e frequentar os mesmos espaços com quem “não tem berço”.
O que está em risco não é simplesmente o governo Dilma. São os direitos trabalhistas, o ensino e a saúde pública, o direito de nos organizarmos e manifestarmos, O que está em jogo para nós são direitos tão básicos, que muitos não acreditam ser possível perder, porque já crescemos com eles. Infelizmente a história nos mostra que não foi sempre assim, e que é possível retrocessos.
O projeto do Temer “Ponte para o Futuro” defende a redução de programas sociais (FIES, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida). Não deixa claro quais serão afetados para não gerar revolta na população, esconde o que pretende fazer e só deixa claro que haverá cortes. Se olharmos alguns projetos que estão no Congresso, as ameaças ficam ainda mais evidentes:
 
– Terceirização e fim da CLT. (PL4330 e PL4193);
– Privatização de todas empresas públicas e entrega do Pré-Sal (PL555 e PL6726);
– Estatuto da Família, retrocesso para LGBTs e mulheres (PL6583);
– Maioridade Penal (PEC115);
– Nascituro (bolsa estupro) e Alteração do Código Penal sobre aborto (PL478 e PL5069).
 
A única forma de barrarmos essa ofensiva é que cada um participe dessa luta na forma em qual mais se identificar, pois as soluções não caem do céu.
Nós escolhemos lado e participamos dos movimentos que compõem a Frente Brasil Popular, e você, está esperando o quê para tomar posição?