Fernando Pessoa, “Uma vida muito preenchida”

O investigador Nuno Hipólito afirma que Fernando Pessoa, “fez muito mais do que todos pensam que ele poderá ter feito, numa vida que, apesar de curta, foi muito preenchida”.

Fernando Pessoa - Divulgação

O investigador é o autor de um Álbum de fotos do poeta, que surgiu no âmbito do projeto Obras de Fernando Pessoa, iniciado em março do ano passado com o volume “Pensamentos e citações”.

Editado pela Parceria A. M Pereira, “Álbum de fotos” é o quarto volume desta coleção pessoana, que reúne várias fotografias do poeta, de familiares, de alguns intelectuais com os quais conviveu, como Teixeira de Pascoaes, Matos Sequeira ou António Botto, e também da sua apaixonada, Ophélia Queiroz.

Um homem tímido e introvertido

Este álbum inclui ainda imagens de época de Lisboa e da República da África do sul, onde Fernando Pessoa viveu com a família entre 1896 e 1905.

Em relação a Fernando Pessoa, o investigador afirma que o poeta era “tímido e introvertido, pouco à vontade com a sua imagem e com o seu corpo, ainda menos à vontade com as mulheres quando as encontrava, tirando talvez Ophélia, que, mesmo casada, nunca o esqueceu”.

E refere que numa carta a Ophélia, em finais de abril de 1920, Fernando Pessoa escreveu: “Não, não me tenho esquecido do retrato, mas tive sempre uma certa embirração por tirar retratos. Em todo o caso, tirá-lo-ei. Talvez meus irmãos mesmo mo tirem”.

Um dos objetivos deste álbum de fotos, escreve Hipólito, “é o de mostrar como Fernando Pessoa fez muito mais do que todos pensam que ele poderá ter feito, numa vida que, apesar de curta, foi muito preenchida”.

Uma das últimas fotos deste álbum organizado, e com prefácio e notas de Nuno Hipólito, é da “procissão funerária de Fernando Pessoa, ocorrida a 2 de dezembro de 1935”, acompanhado por padre católico, à porta de uma igreja não identificada, com cerca de trinta pessoas, maioritariamente homens.

O autor coligiu igualmente fotos mais recentes, como a trasladação do corpo do poeta para o mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, em 1985, ou a inauguração da sua estátua, de autoria de lagoa Henriques, no largo do Chiado, à porta do café A Brasileira, também na capital.

Registe-se que Fernando Pessoa publicou poucos textos em vida, tendo um deles sido Mensagem, datado de1934. A maior parte da sua obra foi publicada já na segunda metade do século 20.