Jaraguá do Sul realiza mais um ato contra a Cultura do Estupro

Onze dias após o primeiro ato, que teve como motivador o estupro coletivo da garota de 16 anos, no Rio de Janeiro, a União Brasileira de Mulheres – UBM Jaraguá do Sul realizou um segundo ato. Nesta quarta-feira, (15) a motivação foi um estupro de uma menina de 10 anos, desta vez na própria cidade.

velas jaraguá

Em Jaraguá do Sul até dia 31 de maio foram registrados 34 boletins de violência sexual, sendo 70% contra crianças e adolescentes. Estes dados são apenas da Delegacia de Policia de Proteção à Mulher, Criança, Adolescente e Idoso (Depecami) que não está aberta no período noturno, nem nos finais de semana.

A cultura do estupro traz a naturalização do ato na sociedade, as pessoas pensam que não acontece e quando acontecem a vítima acaba sendo a culpada. “O que fazia esta criança na rua?” “Onde está a mãe desta criança?”

Além da criminalização da vítima, quando a mesma é criança, em geral, as mães também são culpadas por não estarem “cuidando da criança”.

A estes questionamentos, respondemos de maneira muito simples: ela estava brincando; ela não tinha outro lugar para estar; esta criança não tem escola em tempo integral; esta criança está sendo negligenciada pelo Estado.

E a mãe? A mãe em geral está trabalhando para manter a casa ou no mínimo auxiliar no complemento da renda familiar.

E perguntamos de forma mais simples ainda. E este homem? Qual o direito dele de apropriar-se do corpo de outra pessoa? Esta deveria ser a pergunta que mobiliza a reação da sociedade.

Crianças, mulheres, população negra e LGBT são violentados das diversas formas diuturnamente pois são desconsiderados como sujeitos, como pessoas. Precisamos mostrar nossa quem somos e que somos muitas, precisamos mostra que a violência existe em nossa cidade.

“Estaremos aqui enquanto houver violência contra a mulher, a crianças e população LGBT em nossa cidade” Disse Mariana Pires Coordenadora da UBM Jaraguá do Sul.

Participaram do ato aproximadamente 45 pessoas, várias delas fizeram uso da palavra: “ Violência contra a criança não é brincadeira”, “Basta de Violência contra a Mulher”. Disseram.

Durante o Ato, João Pedro de Lis, integrante da UNA LGBT leu uma carta sobre a violência ocorrida em Orlando contra o público de uma boate LGBT onde tiveram 50 mortos. Esta violência não ocorre somente lá, o “Brasil é o país que mais mata pessoas trans”.

Em sinal vigília foram acesas várias velas para demostrar que as pessaos estão atentas e monitorando os números de casos de violência contra as minorias na cidade. Os manifestantes cobraram do poder público ações que possam minimizar a violência contra a mulher até que seja possível andar livremente em nossa cidade.

A Carta Aberta a População Jaraguaense em defesa da Vida das Mulheres será entregue a todas as autoridades da cidade até a sexta-feira (17). Nesta carta a UBM propõe ações a serem executadas pelo poder público como um debate sobre gênero nas escolas e uma Política Municipal para Mulheres.

Joice Pacheco- UBM- Jaraguá do Sul