Depois de apoiar o golpe, FHC diz que Venezuela não fez lição de casa

Mesmo sem ocupar nenhum cargo no governo interino de Michel Temer, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso viajou ao Uruguai para participar de uma reunião do Mercosul, cujo objetivo era discutir a transferência da presidência pró-tempore à Venezuela. Em nome do Brasil, o apoiador do golpe contra Dilma disse que “A Venezuela não fez a lição de casa para ingressar no Mercosul”.

Por Mariana Serafini

Fernando Henrique Cardoso e Delcy Rodriguez - Divulgação

Atualmente o presidente do organismo é o Uruguai. O procedimento normal consiste em transferir a presidência a cada um dos países membros de acordo com a ordem alfabética. Ou seja, o próximo a assumir o comando, no dia 12 deste mês, seria a Venezuela. Mas o Brasil e o Paraguai armaram um complô para impedir o funcionamento democrático do Mercosul.

O Uruguai insiste em transferir a presidência na data prevista, tal qual as regras estabelecidas. Afinal, o presidente uruguaio,Tabaré Vasquez, deixou claro, caso não tenham entendido: "é preciso respeitar as regras". O curioso é que justamente os dois países de democracias golpeadas, o Brasil e o Paraguai, argumentam que a Venezuela não é suficientemente “democrática” para assumir o comando do Mercosul. Sabe-se que o país enfrenta uma crise política e econômica, mas até o momento, não houve nenhum golpe de Estado na terra de Hugo Chávez.

Resposta da Venezuela

A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodriguez, afirmou que as declarações de Serra sobre seu país são “insolentes e imorais”. E acusou ainda o interino de “se somar à conjuntura da direita internacional contra a Venezuela”.

Em contraponto à anti-democracia citada por Serra, a ministra se disse muito preocupada com o golpe em curso no Brasil contra a presidenta Dilma Rousseff. “No Brasil está em curso um golpe de Estado que vulnera a vontade de milhões de cidadãos que votaram”, afirmou.

Complô

A reunião para definir se a Venezuela assumirá ou não a presidência pró-tempore acontecerá no dia 11 de julho em Montevidéu, sem a participação de Delcy Rodriguez. Apenas os demais países membros, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, participarão.

O chanceler paraguaio, Eladio Loizaga disse que a data da convocação foi comunicada por Rodolfo Nin Novoa, chanceler do Uruguai. "A situação da Venezuela a cada dia complica mais e necessitamos do Mercosul para que o país tenha tranquilidade interna, paz, para que possa levar adiante os desafios que temos no próximo semestre", disse.